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Coluna Giancarlo Bina

VIVA O RÁDIO – PARTE 2

    Retomo o tópico envolvendo o Rádio, conforme havia escrito em última coluna, para contar mais algumas historinhas deste veículo fascinante de comunicação. Já relatei aqui sobre minha ansiedade na estréia ao microfone e sobre a gafe com o simpático Datena, em um jogo no Olímpico.
     Pois, corria o ano de 1992 e fomos fazer a transmissãodo grande jogo entre as seleções de Brasil e Alemanha, no Gigante da Beira-Rio, pela Rádio Batovi. Aseleção alemã era fortíssima, era a então campeã mundial e tinha jogadores de qualidade, tais como Mathaus, Klissmann, Efenferg, dentre outros. No Brasil, de Carlos Alberto Parreira, despontavam os jogadores Bebeto, Careca, Silas e Taffarel.
     Tinha tudo para ser um grande jogo, mais de 70 órgãos de imprensa cadastrados, estádio lotado e o treinador da seleção ainda fez um “mimo” aos gaúchos colocando a dupla de zaga comjogadores dos clubes da cidade, Paulão e Pinga, gremista e colorado, respectivamente.

     Começa o jogo e o Brasil vence com certa facilidade por 3 a 1. O público delira, Romário e Renato Gaúcho entram na segunda etapa e fazem a alegria do torcedor. O Gigante faz a festa para o time canarinho que, dois anos após, se tornaria tetra mundial nos Estados Unidos.
     Termina o jogo e fomos entrevistar os jogadores. Os brasileiros muita atenciosos, comentam da importância da vitória sobre o então campeão mundial. Falam à beira do gramado, pois naquela época ainda não havia sala de imprensa. Agradecem à receptividade dos gaúchos, carinho da torcida, apoio da imprensa, etc. Terminada a conversa com os brasileiros, fomos fazer o registro com os alemães. Estávamos eu, José Alberto Andrade (Rádio Gaúcha) e Ribeiro Neto (então na Guaíba), aguardando a entrevista com o capitão da seleção alemã, Lothar Mathaus, em frente ao vestiário. Comentávamos que seria interessante ouví-lo e que não teríamos dificuldades, pois ele falava inglês e italiano fluentemente e que poderíamos traduzir suas respostas, pois entendíamos o inglês e o Zé Alberto se virava bem no italiano. Eis que surge o craque e responde a todos os questionamentos em alemão, usando todas as consoantes possíveis do alfabeto e pouquíssimas vogais.
     Fiquei com aquela cara tipo “ o que tô fazendo aqui” ou “que belo entardecer”...Resumo: ele terminou de falar, peguei o microfone e disse que ele tinha gostado do jogo, que o Brasil tinha um grande time e que era um dos fortes candidatos ao Mundial de 1994(hehehehe). Coisas do Rádio.
     As transmissões esportivas são repletas destas histórias, destes improvisos, destes momentos inusitados. Aliás, a vida no Rádio é assim: a informação é prioritária e, por vezes, somos pegos no contra-pé e o imediatismo nos acolhe. Talvez seja por isso que muitos dos inbidos, acanhados e tímidos mudem muito suas formas de pensar e de agir ao se verem frente-a- frente com um microfone. Vale para a vida. VIVA O RÁDIO.

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