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Tarso Teixeira: “protesto do MST atesta fracasso da reforma agrária”

Tarso Teixeira, Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Os protestos realizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na região de São Gabriel por conta do chamado “Abril Vermelho” são uma demonstração viva do fracasso completo da reforma agrária na região. A observação é do presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e vice-presidente da Farsul, Tarso Teixeira, ao comentar o acampamento montado por assentados na Praça Fernando Abbott e a invasão da Fazenda Santa Verônica, no município de Santa Margarida do Sul. 
Os assentados protestam contra o Incra e o Governo Federal, reivindicando melhorias para os assentamentos que há três anos aguardam melhorias básicas de infra-estrutura, como redes de luz elétrica, água potável, linhas de crédito e infra-estrutura produviva, como silos e unidades de secagem e armazenagem de grãos. “Lembro perfeitamente do ex-ministro Guilherme Cassel, quando veio a São Gabriel em 2008, para anunciar que os assentamentos de São Gabriel seriam um modelo para o Brasil. E ele estava certo. São um modelo do verdadeiro fracasso desta política equivocada e antiprodutiva, que desperdiça recursos públicos para absolutamente nada”, ressalta. 
Teixeira salienta que as reivindicações do MST apenas ressaltam o quanto a reforma agrária não funciona. “Quando uma propriedade rural está produzindo, gerando empregos, normalmente tem que pagar pra fazer qualquer ligação de luz, água ou outra infra-estrutura. Estes cidadãos que até agora não apresentaram resultado algum da sua produção, querem que a sociedade lhes dê tudo de graça. Ou seja, a sociedade acumula duplamente o prejuízo desta política nefasta”, assinalou. “Quem deveria receber estes investimentos, se estivéssemos num país sério, seriam os pequenos produtores rurais do nosso município, que realmente são vocacionados e capacitados para gerar renda, mas não tem apoio algum do governo, porque estes trabalham de verdade”, afirma. 
O líder ruralista disse ainda estranhar o fato de as invasões terem sido feitas por assentados, conforme diz o panfleto distribuído pelo próprio MST em São Gabriel. “Quem está assentado em lotes e invade, deveria perder o lote e dar lugar para outro, conforme diz a lei. Será que o MDA vai tomar alguma providência?”, indaga. 
Segundo Tarso Teixeira, São Gabriel possui 1717 propriedades rurais, com uma estrutura fundiária média de 31 hectares. “O município foi falsamente apresentado ao mundo como capital do latifúndio, quando há centenas de pequenos produtores que trabalham com competência e sem apoio algum do governo. No entanto, eles acharam justo trazer para cá estas famílias que agora estão sem a mínima estrutura, apesar dos incessantes alertas”, declara. 
O arrendatário da Fazenda Santa Verônica, Astor Wallauer, entra nesta segunda-feira com pedido de reintegração de posse, com o apoio do Sindicato Rural. “Muito me impressiona este protesto. Estes senhores estão reconhecendo apenas agora que a reforma agrária feita em São Gabriel foi um desastre? Isso nós já falávamos na época, deveriam ter nos ouvido”, diz Tarso Teixeira.

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