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Textículos do Mário Mércio

Mário Mércio
Escritor e colunista do blog

Cidades
As cidades foram construídas para proteger seus habitantes, proporcionar conforto e bem estar, com o agrupamento de casas, edifício, comércio, indústria, escolas, etc. Essa era a intenção natural do ser humano, isso é, viver em sociedade.
Hoje, porém, segundo o sociólogo polonês e tido como o maior pensador deste século sobre o assunto, ZygmuntBauman, atualmente virou sinônimo de insegurança viver numa cidade, isso porque as cidades foram impactadas por um capitalismo parasitário e uma globalização desastrosa, na qual a competição substituiu solidariedade e fragilizou os vínculos comunitários. As cidades se tornaram palco perfeito para o medo, a intolerância e a violência. Assistimos na TV uma senhora sendo assaltada em plena entrevista.
Vemos hoje casas que mais parecem presídios, cerca eletrificada, muros altos, alarmes e câmaras por todos os lados. São os ricos se protegendo dos pobres que vivem num cinturão de miséria no entorno das cidades cada vez maior.
Vemos prédios, condomínios e luxuosas casas dentro da cidade, mas social e espiritualmente fora da cidade. Onde separar e manter a distância se tornam estratégias comuns na luta pela sobrevivência. A ideia é criar um mundo homogêneo, seguro e respeitoso do resto da sociedade, mas o que vemos são muros que dividem os habitantes, uns que estão dentro ou incluídos e os que estão fora ou excluídos. Assim é que se forma a verdadeira exclusão real e simbólica de uma cidade e seus habitantes. Tudo com a complacência das autoridades constituídas.
Mas esquecemos do mais importante. Quem está “in” depende dos que estão “on”. E que esta segregação, isolamento técnico, proteção ilusória, em vez de proteger acaba aumentando ainda mais a insegurança, a violência, e o medo. Medo do outro...Medo do diferente.
Esquecemos que quanto maior é a distância física entre os humanos, maior será o desafio de reatar vínculos com nossos outros irmãos. Não temos tempo para pensar numa boa alternativa. E aí vamos construindo fortalezas, que mais fortalecem empresas de segurança, empreendimentos imobiliários, bancos e indústria de carros caros.
É bom rever se nossa segurança é esta mesmo, pois isolamento, a indiferença com os outros, a exclusão, só aumentam nossos problemas de insegurança. Para Bauman, não há outro caminho senão aquele da compaixão e da solidariedade com os mais pobres e necessitados.
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