Coluna-Ponto-de-Vista-1

A Copa do Campo

Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul

A poucas semanas do encerramento da Copa do Mundo no Brasil, a sucessão de imagens de estádios lotados, multidões de estrangeiros nas capitais e o entusiasmo patriótico dos cidadãos nas ruas parece ter sepultado de vez as expectativas mais apocalípticas. Pouco a pouco, a indignação com a gastança desenfreada foi sendo substituída pela torcida a favor da seleção, e os protestos que prometiam inviabilizar completamente a realização do evento ficaram para trás. Mas a discussão sobre o legado da Copa para o país ainda é válida, e propor uma reflexão fica mais fácil quando se tem os números corretos.
As estimativas mais otimistas, publicadas em estudo do Itaú-Unibanco, indicam que o PIB brasileiro terá um impacto de 1,5 ponto percentual nos próximos três anos em decorrência da Copa, com criação de 250 mil empregos em diferentes setores. É um alento para setores que vinham patinando, mas não será permanente. Quem realmente tem promovido o crescimento econômico e impedido a queda do PIB é um setor pelo qual muitos setores da mídia mal conseguem esconder sua antipatia: o agronegócio. No ano passado, o campo produziu uma alta de 3,56% em relação a 2012 – na prática, o equivalente a duas copas e meia na economia nacional.
Em termos de investimento, o campo (das fazendas) também dá de “goleada” no campo (de futebol). O governo federal gastou R$ 28 bilhões em estádios, e a Fifa já fala em um lucro de R$ 8 bilhões – sem dúvida, a copa mais lucrativa para a organização liderada pelo suíço Joseph Blatter. Para o país, o lucro total ainda é bastante incerto. Já no caso do agronegócio, o governo federal anunciou um Plano Agropecuário de R$ 156 bilhões, sendo que a produção rural, em números totais, representa mais de R$ 1 trilhão na economia, 23% de todo o Produto Interno Bruto. Ou seja, para cada real investido pelo governo no campo, retornaram para a economia R$ 6,00, e isso imediatamente. Não há setor da economia em que o benefício para os brasileiros seja tão rápido e evidente.
Sim, torço para que o Brasil seja campeão na Copa do Mundo FIFA. Mas o que realmente nos alegra é saber que, na Copa do Agronegócio, o Brasil já está sendo campeão, e isso com um retorno bem mais consistente para o povo brasileiro.
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