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Textículos do Mário Mércio

Mário Mércio
Escritor e colunista do site

NARCISISMO SOCIAL
A invisibilidade de certas profissões, como gari, zelador, guardas, faxineiras, frentistas, babás cobradores de ônibus e outras, se caracterizam como invisibilidade social e um fenômeno da neurose de classes sociais que designam as pessoas pela qual passam diariamente e nem se dão conta delas, através de um preconceito já arraigado na nossa cultura cotidiana.
Vejam o que aconteceu com Angélica e seu marido, por acaso alguém sabe das babás que estavam com eles, o que elas passaram seus nomes, suas fotos? Não, ninguém sabe quem são. Se são gordas ou magras, brancas ou negras. A própria mídia não teve interesse em saber da aflição e desespero dessas duas pobres pessoas. Sim pobres, pois se não o fossem, estariam na mídia.
Lembro-me daquele psicólogo paulista que se fez de gari por alguns dias. Disse que não foi rejeitado, mas ficou invisível até para professores e colegas da universidade. Ninguém olhava para o lado ou para ele para cumprimenta-lo, pedir ou falar-lhe alguma coisa. Ele era um zero á esquerda, como se diz. Assim são agentes penitenciário que passam noites a fio circulando dentro de uma prisão com facínoras dos mais perigosos e ninguém sabe quem são. São anônimos servidores da segurança, só lembrados quando postulam melhorias ou nos motins.
Dai se conclui que falta ao governo e aos sindicatos dessas categorias dar-lhes mais visibilidade com uma promoção abrangente em todos os níveis, mostrando a utilidade dessas profissões no âmbito de sua utilidade social.
Este esclarecimento, vamos chamar assim, seria muito bom para que os jovens de hoje já se formassem com esse caráter de igualar por cima todas as profissões e valorizarem cada uma delas no seu tempo e na sua utilidade social e econômica.
Somos todos iguais- nos diz o sociólogo Jackson C. Buonocore e completa: estamos próximos desses profissionais, precisamos deles e devemos respeitar e valorizar sua contribuição como fator fundamental ao desenvolvimento humano e econômico. Agir diferente, ignorando-os além de ser uma burrice sem tamanho, ainda estaremos fadados a imersão mórbida gerada pelo narcisismo social.
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