Coluna-Ponto-de-Vista-1

Pra quem vão as medalhas em 2016?

Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e Vice Presidente da Farsul

O ano de 2016 iniciou ainda sob os influxos de um 2015 marcado pela brutal crise econômica e política, com as suspeitas de corrupção que, agora, batem mais uma vez à porta da Casa Civil. Neste período, em muitos estados, o cidadão comum que já convivia com a inflação desenfreada, é brindado com o aumento de ICMS e as “visitas” do IPVA e IPTU. O aumento do salário mínimo, de um lado, não recupera as perdas do trabalhador, e de outro, aumenta ainda mais o custo de produção para o empresário, seja ele urbano ou rural. Os pequenos empreendedores, como sempre, são os mais prejudicados.
Num ano que terá pela frente Olimpíadas (mais gasto público) e eleições nos municípios (mais crise política), o Pódio da crise já tem medalha de Ouro, Prata e Bronze: Inflação galopante, Recessão econômica e Paralisia administrativa. Todas estas medalhas foram conquistadas pelo governo brasileiro com afinco e dedicação.
Se em 2014 e 2015 os alvos da crise foram a indústria e o varejo, setores que transformam riqueza, em 2016 o foco está voltado para o agronegócio, setor que cria riqueza. Não somente por fatores econômicos, pois ao contrário dos demais setores, o produto final do agronegócio está sempre sujeito aos imponderáveis fatores da natureza. Enchentes, alterações climáticas e crises hídricas prejudicaram muitas cadeias produtivas Brasil afora. Frustrações de safra na agricultura, perda de peso de terneiros na pecuária de corte, queda de produtividade na pecuária leiteira, elevaram às alturas os prejuízos e os custos de produção. O governo, às voltas com seus próprios dramas, pouco pode ajudar, e quando intervém, atrapalha ainda mais, elevando juros e restringindo o crédito.
O produtor rural, sem dúvida, é o grande alvo desta nova e aguda frase da crise econômica. Para superar este período, muitos terão que cortar custos, diminuindo – senão paralisando – investimentos em tecnologia, máquinas e insumos, estagnando a atividade produtiva e a geração de empregos, num círculo vicioso.
Não sabemos se os atletas do Brasil conquistarão muitas medalhas nas Olimpíadas do Rio neste ano. Mas o produtor rural brasileiro, que por anos a fio levou a Medalha de Ouro na produção de alimentos e deu ao país as medalhas da competitividade e do crescimento econômico, pode neste ano ficar de fora do time principal.
Se o Comitê Olímpico criar uma Medalha da Inoperância, ao menos sabemos para quem ela deve ser enviada. Alguém em Brasília já pode comemorar este título.
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