Coluna-Ponto-de-Vista-1

A minha desilusão amorosa

Marcel da Cohab

Eu tive um amor de juventude pelo qual chorei de alegria e tristeza, mas com o tempo esse amor me mostrou suas facetas ocultas e eu hoje a trato com indiferença. Ela está bonita, respeitável e respeitada – com uma pequena mancha em sua reputação – mas que nada tira seu brilho e admiração. A vejo sempre com sua beleza e seu simbolismo. Mas ela hoje não representa nada para mim. As alegrias que tive com ela ficaram em fatos e fotos do passado, foram ultrapassadas pelas decepções e canalhices. Acima de tudo atualmente a respeito, mas ela na dela e eu na minha. 
Vocês a conhecem, ela está nas redes sociais: chamam-na de seleção brasileira de futebol.
Em 1986 sofri com aquela derrota para França de Platini. Já tinha sofrido contra a mesma França nas Olimpiadas de 1984. Em 90 a Argentina de Maradona e Caniggia me fizeram chorar depois do chocolate que o Brasil deu o jogo todo.
Vibrei em 1994. Fiquei triste e preocupado em 1998...2002 foi uma seleção típica brasileira, regada a genialidade, improviso e muito samba. Mas depois...
Bom, depois a seleção sofreu com as consequências da Confederação Brasileira de Futebol e sua gana por dinheiro.
Primeiro, que a CBF é uma entidade bilionária, corrupta e, como consequência tem dirigentes presos ou com ordem de prisão. Fatura bilhões, enquanto 99% dos clubes estão a mingua, 99,99% dos atletas estão na miséria no Brasil.
A SELEÇÃO BRASILEIRA DO TITE É UMA DAS MAIS ORGANIZADAS QUE EU JÁ VI. Poucas vezes vi um time tão organizado, pois muitas seleções ganharam mais em cima do talento do jogador. Esta seleção não toma gols e lá na frente tem jogadores talentosos que decidem, tendo como base uma organização tática. Tem tudo para ser campeã.
O diacho é que não consigo mais torcer para uma seleção que carrega o símbolo da CBF no peito (cuja camisa hoje em dia representa a alienação política de fantoches), uma seleção que não faz um jogo de despedida no Brasil, que entra e sai escondida em aeroportos e Hotéis, que atende um grupo seleto de fãs, ao contrário por exemplo de Inter e Grêmio, que foram ao Mundial carregados pelo povo nas ruas, com milhares de torcedores que os levaram ao aeroporto. Por favor, não comparem torcida da dupla GRENAL com de seleção, aliás de clube algum com seleção.
Não torço contra, aliás se torcesse contra seria até mais envolvente. O desdém é pior. A indiferença. Essa seleção não tem cara de povo. Não é como são africanos. Eu torço muito pelos africanos, são mais povo e mais Brasil que o Brasil.
Não critico os caras ouvirem música, terem tatuagens e penteados exóticos, isso é pessoal e é deles. Eu critico a indiferença da seleção com o brasileiro. Como disse, o desdém é pior. Não tem um jogador que se posicione politicamente pelo povo e a seleção é sim, ou deveria ser, um símbolo nacional que, numa época de Copa do Mundo em meio ao caos social deveriam ao invés dos risinhos do Neymar e das piadinhas, se posicionar ao lado do povo contra a roubalheira e o caos social nacional.
Não culpo o futebol pelos problemas sociais, da mesma forma que o carnaval não é culpado. Mas o carnaval se posiciona em favor do povo, o futebol não.
NEYMAR É UM MONSTRO JOGANDO BOLA. E o Neymar? Gênio da bola, craque. Mas um sujeito que não sabe perder e nem ganhar. Um cara individualista que foi chamado de “macaco” 3 vezes e nada fez. Sabe por quê? Pra ele fazer alguma coisa, tem que pagá-lo, mesmo que seja pra defender a honra sua e de seus semelhantes. Não quis entrar numa casa espírita beneficente porque se diz evangélico. O Neymar é evangélico????
Por favor não me critiquem. Eu não critico quem torce pra A, B ou C. Aliás, você não escolhe de quem gosta ou deixa de gostar. Eu queria ver a seleção embarcando pra Copa numa roda de samba em meio ao povo sendo levada ao avião como foi aqui em Porto Alegre com Inter e Grêmio. Mas não vejo o povo nessa seleção. Para quem vai torcer por ela, boa sorte. Acho que ganha. Não me atrevo a julgar, tampouco condenar uma paixão.
Mas verei a Copa como telespectador de um grande espetáculo com grandes jogadores.
Sou muito brasileiro, cultivo os símbolos nacionais, gosto do nosso hino, cultuo nossas tradições e nossa pluralidade de costumes, culturas e raças. E é exatamente por isso que a seleção atual e sua entidade máxima, não me representam. A seleção foi um amor de juventude que me fez sorrir e chorar. No fim, a desilusão.
Mas, como diz o Moscoso, isso é só a MINHA opinião.

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