Em privado, Jefferson diz que prefere Aécio Neves. Acha que o governador de Minas seria um nome mais competitivo.

Mas Jefferson já manteve contatos reservados com o governador paulista José Serra. E pende para a coligação eleitoral com o tucanato seja quem for o candidato.

Tratou do assunto também em conversa que manteve, abaixo da linha d’água, com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Oficialmente, o PTB de Jefferson integra o consórcio partidário que dá suporte congressual a Lula. Porém...

Porém, o ex-deputado não considera a hipótese de sua legenda reforçar o palanque da candidata de Lula, Dilma Rousseff.

Os operadores políticos do PT tentam arrastar para o palanque de Dilma todos os partidos da megacoalizão que orbita em torno de Lula.

Em relação ao PTB, porém, o petismo já jogou a toalha. Ciente da movimentação de Jefferson, os operadores políticos do PT desdenham a “perda”.

Afirmam que, sem Jefferson, o apoio do PTB seria bem-vindo. Com ele, mais atrapalharia do que ajudaria.

As relações de Jefferson com o PT estão rompidas desde 2005, ano em que o mandachuva do PTB denunciou a existência do mensalão.

Jefferson levou a boca ao trombone depois da exibição de um vídeo em que Maurício Marinho, chefe de departamento dos Correios, foi pilhado num malfeito.

Na cena, Marinho apareceu embolsando uma propina de R$ 3 mil. Foi ao noticiário como operador do PTB nos Correios.

Abespinhado, Jefferson denunciou, em entrevista à repórter Renata Lo Prete, o esquema que batizou de mensalão.

Jogou luz sobre um personagem até então desconhecido, Marcos Valério. Expôs as entranhas financeiras do PT. E mergulhou o governo Lula em crise.

Jefferson achega-se ao tucanato num instante em que, ao falar de mensalão, o noticiário precisa mencionar o sobrenome do escândalo.

Além do mensalão do PT, há o mensalão do PSDB mineiro, cujo beneficiário, Eduardo Azeredo, foi convertido em réu pelo STF dias atrás.

Há ainda o mensalão do DEM, que acaba de custar ao governador de Brasília, José Roberto Arruda, a perda da legenda que lhe permitiria disputar a reeleição.

Se confirmado, o apoio de Jefferson ao tucanato agregará à candidatura da oposição o tempo de TV do PTB.

Mas obrigará a coligação PSDB-DEM-PPS a conviver com a controvertida fama de Jefferson.

De denunciante, o presidente do PTB virou, também ele, réu na ação penal que corre no Supremo contra a “quadrilha” do mensalão petista.

No auge da crise de 2005, Jefferson chamara Maurício Marinho, o servidor encrencado dos Correios, de “petequeiro”.

Negara ter cedido à oferta de mesada valeriana à bancada de congressistas do PTB. Mas, em depoimento na Câmara, admitira pelo menos um crime eleitoral.

Confessara ter recebido do PT, por baixo da mesa, uma “contribuição” de R$ 4 milhões.

Borrifara o dinheiro, segundo disse, em campanhas de candidatos do PTB nas eleições de 2004.

Reconhecera que as verbas provinham de empresas que mantinham, sob Lula, negócios com estatais. Ouça-se o Jefferson da época:

"Todo mundo sabe disto. Nas campanhas eleitorais, todos os partidos recebem dinheiro destas empresas. Não há um partido que faça diferente disto".

Os R$ 4 milhões de má origem chegaram a Jefferson, de acordo com o relato dele, em duas malas.

Instado revelar a que candidatos petebistas entregara o dinheiro, Jefferson decidiu “matar no peito” a encrenca:

"Eu vou dizer os nomes quando o PT esclarecer as origens dos recursos. Aí eu abro quem recebeu".

O petismo jamais admitiu ter repassado a contribuição milionária a Jefferson. E ele tampouco disse até hoje como e com quem partilhou a verba.