Coluna Ponto de Vista

Um peso, duas medidas


por Rafael Limberger


Duas matérias vinculadas este fim de semana em um veículo de alcance nacional demonstram como podem ser diferentes dois tipos distintos de cultura. E como essas diferenças interferem no dia-a-dia das suas respectivas populações.
Na primeira matéria, o jovem Jordan Brown, na época com 11 anos, matou a madrasta grávida de 8 meses com um tiro de espingarda à queima roupa. A mulher dormia em sua cama, no estado norte-americano da Pensilvania.
Na segunda, sobre assaltos a ônibus em grandes capitais brasileiras, são entrevistados dois menores. Uma jovem de 17 anos e um adolescente de 16 anos. O menino foi questionado sobre os assaltos. O repórter pergunta: "Você queria traçar uma outra linha, uma outra vida?". A resposta, curta e grossa, revela o perigo ao qual estamos todos expostos: "nem um pouco. Quando eu sair daqui vou continuar. A vontade minha é de ficar pior ainda"
O norte-americano Jordan Brown vai ser julgado por um juri popular e corre o risco, aos 12 anos de idade, de pegar prisão perpétua. Com o detalhe de que não existe "progressão da pena", ou seja, se for condenado vai passar a vida inteira atrás das grades.
O jovem da matéria convive diariamente com o desrespeito às leis e a total inércia do estado em dar segurança para quem paga impostos. Aqui no Brasil, se algo do gênero fosse proposto, seria atacado e ridicularizado por centenas de ONGs que defendem os direitos humanos... não os meus, não os teus, não os direitos das pessoas de bem mas sim, somente daquela parcela da sociedade que enviezou pelo caminho mais fácil e assumiu o crime como única ambição na vida.
O que fazer para esse jovem sair da vida do crime? Como convencer alguém que, estando preso, quer piorar mais ainda? Fomos nós que colocamos ele lá, numa espécie de jogo injusto onde escolhemos menores para se tornarem infratores ou são eles mesmo que agem contra si próprios e contra todo nós?
Bandidos não possuem idade. São crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres das mais variadas etnias, cores e credos. Acima de só pensar nos direitos dessas minorias, devemos lembrar que eles precisam de limites. E isso é algo que a sociedade brasileira não dá para seus cidadãos.
No outro hemisfério, nesse mesmo continente, uma criança de 12 anos sabe que, se burlar a lei terá de pagar pelos seus atos. Aqui, a mesma criança só teria noção de que alguem morreu através de um tiro dado por ela. E nada mais aconteceria, abrindo as portas para que o mesmo crime fosse repetido incessantemente.

Um comentário:

  1. Horrível a matéria.
    Achar razoável e humanamente possível que uma criança de doze anos passe o resto da vida encarcerado é típico de uma sociedade doentia como a americana, que fabrica 'aos lotes' doentes que seguidamente fuzilam seus colegas em salas de aula!
    Pegar um fato isolado, uma expressão infeliz, de um preso brasileiro e deduzir disso que o ser humano não se presta a uma vida digna é fazer pouco da nossa inteligência e capacidade de construir uma sociedade!
    ONG's que lutam por direitos humanos trabalham incessantemente (e sempre sujeitas a opiniões maldosas), lutam por uma sociedade que não jogue seus jovens no caminho da criminalidade como se fosse este o único caminho a ser trilhado por um jovem brasileiro.
    Felizmente, somos melhores do que estes detratores gostariam que fôssemos!

    ResponderExcluir

Tecnologia do Blogger.