Coluna-Ponto-de-Vista-1

O amor que mata

Terminou em tragédia, o amor do jovem Anderson Rodrigues pela ex-namorada. No domingo, dia 19 de junho, inconformado com a separação, ele foi até a casa da ex-namorada para cumprir a tão repetitiva, segundo ela, ameaça: matá-la! No entanto, quando chegou à residência da mulher, ele encontrou apenas o ex-sogro. Após vários disparos, ele acertou um tiro em Heraldo de Oliveira, que morreu na hora. Tão logo matou o ex-sogro, Anderson atirou no próprio peito e também morreu. Mas afinal, quais os motivos que levam um homem a cometer um crime desses? Na maioria dos casos esses crimes ocorrem em casa, lugar em que a mulher deveria ser protegida. Ciúme doentio, ego ferido ou defesa da honra? Nenhum desses sentimentos justifica matar alguém.
A linha que divide a paixão do amor é tênue, quase invisível em alguns casos. Enquanto uma é alimentada de intensidade, o outro é sinônimo de cumplicidade. Ninguém sabe ao certo quando uma coisa se transforma na outra, mas é fato que os dois sentimentos mexem com a mente humana. E, infelizmente, podem se converter em tragédia. Psicanalistas afirmam que, quem mata por egoísmo, por não aceitar uma traição ou abandono, não necessariamente está doente, assim como quem mata por vingança não pode ser tratado como doente de amor. 
Viver em função do outro e se esquecer de suas vontades e pretensões, desejar sempre se amoldar e agradar incondicionalmente, tornando-se dependente da existência e do amor do parceiro, escravizando-se em face do amado e anulando sua própria essência, são graves sinais de “amar demais”. Outro problema é o medo de não agradar, de não falar as palavras certas nas horas certas, de agir da exata maneira como o ser amado gostaria. A cobrança desagradável sobre o sentimento do outro, a exigência de frases e expressões amorosas a todo instante, a obsessão da fidelidade também mostra que alguma coisa não está certa. 
Ser passivo e tolerante em excesso, do mesmo modo, não é bom sinal. Isso porque o codependente aceita tudo em nome do amor, menos o abandono. O amor patológico implica sofrimento. Esse amor doente desculpa sempre a melancolia do outro, o mau-humor, a indiferença e o desprezo. O ciúme, a intolerância geram graves conflitos que, por vezes, acabam em morte. Mas eles não são os únicos responsáveis. A ânsia pela dominação, o egocentrismo, a busca incessante do poder na relação, também são fatores que levam às tragédias. Portanto, mata-se por todos os motivos, menos por amor. 

Márllon Mendes Maciel
Editor do Jornal O Fato

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.