Espaço do leitor
Hora de também fazer parte
Quando se fala a respeito do endividamento do setor agrícola, é comum ver o assunto ser tratado em boa parte da chamada grande mídia com um misto de preconceito e ignorância. Muitos não entendem como um setor que anuncia, ano após ano, safras recordes, continua deficitário; outros, com um esgar de descaso, acreditam que não se trata de mais do que mera gritaria de pessoas que “compram caminhoneta e depois reclamam de endividamento”. No entanto, felizmente podemos contar com os dados da realidade para desfazer certos mitos que ainda pairam sobre o setor rural, que tem sido de importância vital para o país e para a própria sustentação de todo nosso modelo econômico.
É preciso que se faça justiça ao reconhecer que quem vem sustentando o Plano Real, desde sua implantação em 1994, é o setor primário. Da implantação da nova moeda até junho de 2012, a inflação subiu 318% conforme o Índice Geral de Preços da Fundação Getúlio Vargas. No mesmo período, os preços dos produtos agrícolas não acompanharam esta evolução, nem de perto, ficando em cerca de 188,61% no soja, 169,09% no arroz, 159,13% no trigo e assim por diante. Em contrapartida, insumos como o adubo subiram 304% , e o óleo diesel 421%, produtos que estão entre os principais na formação do custo de produção. O resultado evidente, é um produto agrícola que chega ao consumidor valendo muito menos que o investimento necessário para produzi-lo. Portanto, apesar de no ano passado o agronegócio ter praticamente impedido a débâcle da economia, puxando para cima os indicadores econômicos enquanto setores como comércio e indústria, as super-safras que se sucedem ano a ano não tem sido suficientes para suprir uma equação que fecha de forma negativa para o produtor.
A questão do endividamento agrícola, portanto, vai muito mais além do que simples readequações de dívidas pessoais. Trata-se, antes de mais nada, de uma urgência de um país que tem tido no agronegócio o sustentáculo de todo seu modelo econômico, e que por isso mesmo precisa pensar uma política agrícola robusta que garanta renda ao produtor. Já está mais do que na hora de o produtor também participar dos benefícios de uma economia em constante crescimento.
Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul
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