Coluna-Ponto-de-Vista-2

A estreia da Coluna "Conversa franca"

Carla Proença
Diretora do blog


Escrever sobre pai é sempre complicado. Talvez seja porque muitas vezes não os compreendemos, talvez seja porque não damos o devido valor que eles merecem, mas a verdade é que ser pai é uma grande responsabilidade e um grande compromisso com o futuro.
É preciso entender todo o mistério e toda a magia que o pai carrega em seus ombros, pois o seu papel na construção da família não pode e não deve ser passivo.
O pai é o alicerce que sustenta toda a estrutura familiar. É ele, o elo entre a razão e a emoção, suas atitudes, seu modo de agir e, principalmente, seus exemplos são fundamentais na formação do caráter e do comportamento de seus filhos.

Em homenagem aos pais, em especial ao meu pai José Luiz Proença e ao meu sogro - que é como um pai - Edgar Santos de Almeida, escrevi esta pequena crônica que se intitula “Carta de um pai para filho”.
"Querido filho:
Hoje resolvi escrever tudo o que penso e tudo o que sinto por você. Esses dias atrás foi o Dia dos Pais e só agora, começo a compreender qual o valor dessa data. Acho que estou ficando velho demais!
Eu sempre achei estas datas comemorativas tão comerciais, afinal, para que um Dia dos Pais, se todos os dias deveriam ser Dia dos Pais, das mães, dos filhos e da família? Mas não é bem assim que as coisas acontecem, o tempo passa e com ele a distância entre nós vai aumentando. Você se tornou um homem e parece que eu não vi você crescer.
Tento vagar pelas minhas lembranças e buscar onde foi que eu te perdi, mas não me lembro. Lembro de muitas coisas, como por exemplo, o dia do seu nascimento, quando te vi pela primeira vez e achei que eu já tinha realizado todos os meus sonhos. Lembro-me do seu choro, das noites em claro, das dores de barriga, dos seus primeiros passinhos e de você começando a quebrar os enfeites da mamãe na estante.
E desde aquela época, eu já sonhava seus sonhos. Imaginava você sendo astronauta, um médico e até um cientista. Do seu primeiro dia na escola, seus desenhos, suas primeiras artes, sonhei até que você seria engenheiro, professor e empresário de sucesso.Sabe, foram tantos sonhos que eu até já me esqueci. E você, foi crescendo, crescendo e olho para sua foto hoje e percebo que ainda continuo sonhando por você.
Que culpa tenho eu, se só queria o melhor para você? Eu sei, que muitas vezes fui um pai ausente, um pai chato e até um pai teimoso.
Trabalhei muito para poder dar o que acreditava ser o melhor para nossa família. Sei que não foi muito, mas fiz o que podia, juntei dinheiro para te dar estudo, conforto, um lar e acredito que consegui meu objetivo.
Mas tenha certeza meu filho, que nunca, em momento algum, eu fiz alguma coisa que eu achasse que seria prejudicial a você, mesmo que você não entendesse naquele momento. Eu sei que você queria ir às festas, sair tarde da noite, sem ter hora para voltar. E muitas vezes, eu disse não. Mas filho, compreenda meus medos, meus temores, minha aflição, eu só ouvia notícias de violência, de acidentes o que eu podia imaginar? Eu tinha medo por você, simplesmente queria te proteger. Preocupava-me simplesmente porque te amava.
É estranho, escrever que te amo e perceber que nunca tive a coragem de te dizer isso pessoalmente. Quis ser seu heroi, como meu pai foi para mim, mas me esqueci de te perguntar: se você me queria como heroi? Quis ser teu protetor, mas esqueci de te falar que isso era por amor, quis ser teu pai e esqueci-me de ser teu amigo.
E agora, o tempo passou, já não sei se posso te abraçar, te beijar, te dizer que te amo. Sinto falta de tudo isso agora. Mas filho, esteja você onde estiver, espero que você esteja feliz. Sei que você hoje tem família, compromissos, afinal você é muito importante.
Faz muito tempo que não te vejo. Sinto-me só aqui, talvez um dia você tenha tempo de me visitar. Enquanto isso, eu fico aqui te esperando e te amando, como eu sempre te amei...Seu pai".

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