Palavras Soltas
Colunista do blog
Se escreve muito e se fala sobre a velhice, “a melhor idade” (argh), a idade da sabedoria (?).
Sei lá um monte de baboseiras que não define coisa nenhuma o que é ter que carregar alguns anos na mochila pelo caminho da vida e quem já chegou nela nem gosta muito de falar no assunto.
Geralmente não me aborreço com isso, nem me importo muito de estar ficando a cada dia mais velha, só quando coloco óculos e olho no espelho e vejo que não sou mais a mesma, meus olhos não têm mais o mesmo brilho e minha pele já não é tão lisa e macia, isso realmente me incomoda, mas não me tira o sono, só me aborrece temporariamente, mas a coisa que realmente me desestabiliza é me sentir “sobrando” pela idade que eu tenho.
Ao mesmo tempo algo dentro de mim grita; que tolice é essa? O tempo está passando e é assim mesmo, quando a gente é mais jovem, é mais aceita (ou não também), mas nunca será pela idade, será sempre por um outro motivo qualquer, grita outra voz dentro de mim.
E assim uma de um lado outra do outro ficam me estimulando a continuar vivendo e outra querendo que eu desanime. E neste conflito a minha mente fica procurando o equilíbrio em não dar tanta importância nem a um lado e nem a outro.
Quem disser que os anos não pesam estará mentindo, porque eles pesam, e como pesam.
Para mim não tanto na aparência (será que não?), o que mais pesa é o convívio com os mais jovens. Sinto o desprezo no olhar deles (ou sou eu que estou vendo coisas?).
Quando se é jovem achamos que só o nosso mundinho cor-de-rosa é que importa o resto é o resto, mas não sabem que a idade também está se acumulando na mochila deles e um dia sentirão o mesmo que os velhos sentem, porque serão velhos também.
Eu tive maravilhosos avós curti muito o seu convívio, os amei e os amo de uma forma indissolúvel, indeterminada e infinita; sinto doer em mim a ausência deles.Mas também os tempos eram outros, se convivia muito mais de perto com os parentes, avós, tios e primos, eram queridos de verdade, a maioria morava na mesma cidade, se não moravam trocavam visitas, iam aos aniversários, batizados e velórios.
Bons tempos aqueles. Era uma alegria visitar e ser visitado, era bom mesmo. Agora só os velhos se visitam, provavelmente pelo hábito de crianças, provavelmente isso também vai acabar.
Toda essa reflexão vem da proximidade de mais um ano de vida, mais uma pedra na minha mochila que vai me curvando e me fazendo olhar para o caminho percorrido com mais frequência e com mais atenção, só isso e nada...
Até parece que é muito velha, kkkkkk
ResponderExcluirBonito o texto, muito bonito!