Ex-prefeito Rossano Gonçalves depõe à CPI da Santa Casa e aponta falhas de gestão na instituição
Na manhã desta segunda-feira (9), o ex-prefeito de São Gabriel, Rossano Dotto Gonçalves, prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Santa Casa de Caridade, instaurada pelo Poder Legislativo Municipal para apurar a situação financeira e administrativa do hospital. A audiência ocorreu no plenário da Câmara de Vereadores e contou com a participação do presidente da CPI, vereador Moisés Marques (PDT), do relator, vereador Ladislê Teixeira (PSB), da secretária, vereadora Juliana Medeiros (PL), e do membro da comissão, vereador Adão Santana (PL).
Convidado na condição de testemunha, Rossano respondeu a questionamentos sobre a relação do município com a Santa Casa durante seus mandatos como prefeito e comentou a situação atual da instituição. Ele destacou a longa trajetória de parcerias entre a Prefeitura e o hospital desde 1997, incluindo o custeio integral do Pronto Atendimento 24 horas, pagamento de médicos plantonistas, anestesistas e manutenção das UTIs, ações que, segundo ele, somam mais de R$ 140 milhões em repasses ao longo de 28 anos.
O ex-prefeito relatou que a crise da Santa Casa não é recente e criticou a ausência de transparência sobre o real montante da dívida. “Ninguém sabe, com exatidão, qual é a dívida da Santa Casa. O que se tem são estimativas. Já ouvi falarem em déficit anual de R$ 14 milhões, mas nem a Prefeitura, nem esta Casa Legislativa, nem a comunidade sabem o valor exato”, afirmou.
Durante o depoimento, Rossano reiterou que a responsabilidade da Prefeitura é de repassar recursos, mas que a gestão interna da Santa Casa cabe à sua direção e aos conselhos da instituição. Ele defendeu que falhas de gestão estão na origem da crise e que a auditoria contratada pela Prefeitura deve esclarecer a situação financeira do hospital. “A Prefeitura comprova os pagamentos, mas a forma como os recursos são administrados internamente é responsabilidade da Santa Casa”, declarou.
Questionado sobre o serviço de oncologia, Rossano detalhou os esforços empreendidos para viabilizar o atendimento oncológico no município durante sua gestão, desde a implantação da estrutura até o credenciamento pelo SUS. Ele lamentou que a manutenção do serviço esteja sendo tratada com desconfiança e reforçou que sua continuidade é essencial para pacientes de toda a região.
O ex-prefeito também demonstrou preocupação com a sustentabilidade da Santa Casa diante da escassez de ativos e da crescente dificuldade para quitar dívidas básicas, como salários, insumos, alimentação e medicamentos. “Não é admissível faltar papel higiênico, álcool gel e insumos com o hospital recebendo repasses públicos. Isso é reflexo de má gestão”, avaliou, posição esta concordante com o posicionamento do relator da Comissão.
Ao final da oitiva, Rossano se colocou à disposição da CPI e do Poder Legislativo para colaborar no que for necessário. “Sou um cidadão gabrielense que ama esta terra e que continuará disposto a contribuir para que encontremos soluções para salvar a Santa Casa”, finalizou.
A comissão deve apresentar o relatório final até o dia 25 de junho, prazo estabelecido para conclusão dos trabalhos pelo relator, vereador Ladislê Teixeira. Caso necessário, poderão ser solicitados documentos adicionais tanto aos auditores responsáveis quanto à própria Santa Casa. A sessão de encerramento da CPI está marcada para o dia 25, às 9h45, no plenário da Câmara Municipal.
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