Coluna-Ponto-de-Vista-1

Espaço do leitor



Um Presidente debochado?
            No final de semana passado, o Presidente do Brasil esteve no Parque da Expointer. Nada mais adequado que o Chefe do Executivo Federal prestigiasse a maior feira agropecuária da América Latina, no que deveria ser uma demonstração do reconhecimento da União ao setor econômico que tem funcionado como âncora da estabilidade econômica nacional. Todavia, o repórter estrangeiro que perguntasse quais foram os resultados do encontro entre o presidente e as lideranças do agronegócio brasileiro certamente se surpreenderia ao ser informado que esta reunião, surpreendentemente, não existiu. Não porque faltem problemas ou reivindicações da produção rural a expor ao presidente da República, e sim porque o Chefe de Estado simplesmente desprezou o palanque das autoridades na Expointer, preferindo um passeio pelos estandes e uma conversa, de tom claramente eleitoreiro, com os produtores da Agricultura Familiar – um “afago” que custou um verdadeiro prejuízo com o fechamento dos seus estandes durante a visita presidencial. Lula entrou no Parque da Expointer sem falar com a direção da Farsul e ainda aproveitou a ocasião para fazer campanha para sua protegida. É como se alguém entrasse em uma casa sem pedir licença aos moradores, e ainda por cima cuspisse no chão da sala.



            Se esta conduta fosse um episódio isolado, já seria escandaloso. Entretanto, o deboche com as instituições, vindo do mais alto mandatário da República, é parte de um método – até aqui, bem sucedido – de construção de um personagem. Este presidente que acaba de deixar a Expointer sem falar com as forças do agronegócio gaúcho, é o mesmo que debocha escancaradamente da Justiça Eleitoral a cada multa que recebe por promover, em atos oficiais, sem qualquer constrangimento, o nome de sua candidata. É o mesmo que, quando vai a outros Estados e precisa partilhar uma mesa de cerimônia com governadores adversários, sempre dá um jeito de que ali esteja uma claque petista a vaiar sem dó nem piedade seus opositores. É o mesmo que agora, no escândalo da violação do sigilo fiscal da filha de um candidato da oposição, transforma as vítimas em culpados e debocha do episódio. E faz tudo isso a galope de uma popularidade sem precedentes, que gera também a covardia de uma oposição que há muito tempo deixou de exercer o papel para o qual foi escolhida pelo voto popular, com medo justamente de ferir o personagem, o mito, o ‘herói do povo’.
            Hoje se tornou até perigoso falar que Lula é herói às custas de sabotar as conquistas de todos os que lhe antecederam, com uma base congressual coalhada de oportunistas e malfeitores. E que posa de ‘Pai dos Pobres’ quando poderia, com mais justiça, ser considerado ‘Pai da Pobreza’, visto que cultiva sua olímpica aprovação justamente às custas de programas de transferência de renda que mantém milhões de brasileiros como dependentes do Estado – e, por conseguinte, do governo de plantão. Uma multidão de pessoas sem acesso a uma educação de qualidade, filhos da universalização rasa e rasteira do ensino nas últimas décadas, e com cuja incompreensão dos meandros da política Lula sempre conta.
            Mas se chegamos a esta situação, isso também ocorreu pelo silêncio cúmplice dos que, rejeitam esta postura, e acham inaceitável que um presidente, seja ele de esquerda ou direita, use o escárnio como forma de diálogo, fazendo pouco caso de crises como a quebra do sigilo de dados da Receita Federal, deixando centenas de brasileiros reféns de um Estado cada vez mais discricionário e policial.
            As eleições presidenciais que aí estão, a tirar o sono e o bom senso de nosso Presidente, abrem-se como janela para o futuro. Se queremos um Estado Democrático verdadeiramente maduro, onde ninguém seja perseguido ou ameaçado por discordar de governos ou partidos, precisamos exercer com coragem o direito de escolha, sem medo de patrulhas ou pressões. Em uma verdadeira democracia, são as leis – e não os humores do mandatário – que regem um destino seguro para um país.

Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul

4 comentários:

  1. Impressionante o preconceito manifestado por este senhor. Todo o desprezo por pobre fica nítido neste artigo.
    Acaso os pequenos produtores não são cidadãos?
    Não merecem o respeito do primeiro mandatário da Nação?
    Quem produz os alimentos que comemos é o agronegócio ou a agricultura familiar?
    Mais ainda, este senhor pensa que é dono da Feira organizada pelo governo do Estado
    O velho hábito de se julgarem dono do Estado.
    Mas, felizmente, temos um Presidente que pensa o Brasil para os pobres e não para uma elite preconceituosa e oportunista.

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  2. Se esta eleição esta tirando o sono do presidente ...Então o que sobra para o candidato que esta no segundo lugar na pesquisa ... Infelizmente o maior cego é aquele que não quer enxergar ...Vamos pensar no futuro e não em interesses própiros e egoístas , que muitos ainda continuam pensando num país onde não pode haver crescimento que não seja o de meia duzia . Onde em que os mesmos ditos RURALISTAS não fiquem só no arroz com feijão e um pedaço de carne , vamos divercificar , vamos evoluir , mas com responsabilidade , pois a natureza está cobrando !!! Pense nisto ...

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  3. Ainda bem que existem essas pesoas como este senhor , pois assim , para combater este tipo de pensamento existem vários como o nosso presidente onde emocionou um país dizendo que seu primeiro diploma foi de presidente ... Enquanto outros com tantos diplomas na mão não fizeram nem a metadade , e o nosso país nunca teve alguém com tanta popularidade como agora . Acho que devemos estudar e cada vez mais , mas vamos ter atitudes com o coração , e não com o bolso !

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  4. Sr José Ricardo, gostaria de responder os questionamentos que voce postou:
    - Os pequenos produtoresn são sim, cidadãos valiosos , e fazem parte da grande família de produtores rurais que sustentam este país. Em nenhum momento o Dr. Tarso, em seu artigo, desmereceu os pequenos produtores; Todos merecem o respeito da nação, embora este Sr. Lula da Silva tenha sido grosseiro e preconceituso, ao desdenhar do maior evento do Rio Grande do Sul. Imagine alguém entrar na sua casa, não lhe dar a mínima, andar por onde quiser, e ainda ameaçar lhe prender... Infelizmente esta turma do PT está a achar que tudo pode fazer, sem dar satisfação a ninguém.
    - Quem produz alimentos no Brasil são o Agronegócio e a Agricultura Familiar, cada um cumprindo sua função, e ambos muito importantes. Esta idéia maluca de desprezar um ou outro tem apenas fins políticos excusos.
    - A Expointer não é do governo do Estado, como voce afirma. É uma parceria que envolve o governo do Estado, Farsul e Máquinas Agrícolas.
    Sem a Farsul, a expointer não existiria.Alías, devo lhe dizer que, pessoalmente, sou radicalmente contra a Expointer, da forma como existe, pois todos os produtores, pequenos ou grandes, são ali tratados apenas como massa de manobra dos políticos de plantao.
    - Quanto ao Presidente que pensa o Brasil para os pobres, não se iluda. Saiba que este Presidente gasta com os pobres via Bolsa Família, algo em torno de 12 bilhões/ano. E gasta com os Bancos, só em juros, mais de 100 bilhões! Portanto este Senhor , na realidade, se preocupa é com os Bancos!
    -Finalmente, não culpe as "elites". São elas que empregam os trabalhadores, e todos juntos, geram renda e desenvolvimento para nosso país, inclusive aqueles recursos que são destinados ao Bolsa Família. Sem geração de empregos e renda, não existe país. E não se iluda com o Sr. Lula.
    Ele não está preocupado com os pobres, mas sim com o voto dos pobres. Quem rouba, corrompe, atropela as Leis e mente e debocha, como tem feito o Sr. Lula nesta campanha política, não merece o respeito de ninguém.
    Valorize seu voto, e não permita que ninguém viole seu sigilo e sua dignidade, como vem sendo feito pelo partido do governo e pelo próprio governo.
    Saudações,
    Marco Aurélio Cunha

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