Colégio Tiradentes: uma falsa polêmica

Pastor Cláudio Moreira

Nos últimos anos, por zelo à minha tarefa pastoral, tenho procurado não omitir opinião sobre assuntos que possam ter qualquer conotação política, pois a tarefa primordial de um Ministro consiste em levar a Palavra de Deus e o conforto espiritual a todos, não importando preferências políticas ou de qualquer outra ordem. No entanto, ao observar a polêmica criada em torno da vinda do Colégio Tiradentes para São Gabriel, devendo ocupar as instalações da Escola Dr. Dácio de Assis Brasil, não pude deixar de externar minha opinião pessoal, como cidadão. Afinal de contas, os profetas bíblicos do passado também falavam – e muito – sobre temas de interesse público...

Feita essa introdução, falo agora do tema que me motivou a escrever. Desde o anúncio da vinda do Colégio Tiradentes para São Gabriel, que deverá se instalar nas dependências da Escola Dr. Dácio, a cobertura da mídia local costuma apresentar o tema somente pelo viés da discórdia, enfatizando as manifestações de alunos e professores para “salvar” a escola Dr. Dácio. Nas reportagens sobre o assunto, lemos a respeito da presença constante da Associação das Donas de Casa, tudo retratado como se fosse uma polêmica justa e legítima.

Os estudos do próprio Ministério da Educação atestam que as instituições de ensino que obtém as notas mais altas em todas as avaliações disponíveis são justamente as escolas militares. Justamente porque nestes ambientes educacionais não vingaram os experimentalismos da vigarice intelectual que tomou conta do ensino público brasileiro, minando as noções de disciplina e autoridade, justamente elas responsáveis pelo êxito do ensino de instituições como o Colégio Tiradentes.

É claro que os que hoje fazem passeatas e lotam audiências públicas com cartazes sabem disso, e por isso sempre declaram que “não são contra a vinda do Colégio Tiradentes, desde que não venha para a Escola Dr. Dácio”. Ora, objetivamente, colocar-se contra a extinção da Escola Dr. Dácio é posicionar-se contra qualquer possibilidade da vinda do Colégio Tiradentes, pois não há outro edifício público com a infra-estrutura necessária para receber a instituição, que pela regra da corporação, não pode ser instalado em prédio alugado.  E a proposta de instalar o colégio na obra hospitalar da Brandão Júnior, feita por vereadores da oposição, é indecente, pra dizer o mínimo. Uma instituição do porte do Colégio Tiradentes não pode ser ‘improvisada’ dentro de um prédio que foi projetado para receber um hospital, e não uma unidade de ensino.

Quanto aos professores que hoje se batem pela “história” da Escola Dr. Dácio Assis Brasil, não podem fingir que não tem sua parcela de responsabilidade se essa história chegar ao fim. Pois foi a sua negligencia que levou uma escola com capacidade para receber 450 alunos a contar somente com 120, no caso mais escandaloso de sub-aproveitamento de vagas escolares que se tem notícia. O tom que utilizam esses mestres, nos deixa em dúvida se lutam pelo bem da educação ou pela sobrevivência de seus vencimentos.

O Colégio Tiradentes é um modelo de ensino público de qualidade, e a Escola Dácio Assis Brasil virou um símbolo da ineficácia administrativa deste mesmo ensino. Para o bem do futuro das crianças de São Gabriel, é muito bom que um símbolo seja substituído pelo outro.