Coluna Giancarlo Bina
FUTEBOL
Sou do tempo do futebol bem jogado. Ao ler esta frase, o nobre leitor pode logicamente imaginar que vivi os grandes momentos de Pelé, que assisti Mané entortando adversários ou que gastei tempo comentando a forma de jogar da grande “laranja mecânica” de 74. Mas, sinceramente, não é isso. Sou da turma de 74, comecei a gostar de futebol no início dos anos 80, portanto, não tive a oportunidade de acompanhar “ao vivo” estes craques e esquemas que entraram para a história do futebol.
Entretanto, pude ver o grande Flamengo de Zico jogar com uniformidade coletiva e genialidade individual; assisti à grande seleção de 82, de Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico, ser eliminada pela forte Itália; acompanhei o grande time vencedor do São Paulo de Telê Santana; o prenúncio e ocaso da estrela do incomparável Romário; o toque genial e versatilidade de Zinedine Zidane, além da carreira “eletrocardigráfica” do Fenômeno Ronaldo.
Vi pouco, sim, de futebol, dirão os mais antigos ou tradicionais mas estou certo de que vi bom futebol durante uns 20 anos, pelo menos. Escrevo isso após assistir, de forma estupefata, à primeira rodada da Copa do Mundo da África do Sul. Não vejo mais times brilhantes, com jogadas planejadas, improvisos individuais, objetividade de ações. Notei, ao menos por enquanto, o predomínio do atleta sobre o jogador de futebol, muita velocidade e aplicação, mas pouquíssima qualidade técnica. Parece-me aquelas antigas aulas de educação física, quando o professor atirava a bola aos nossos pés e era um “salve-se quem puder” dentro da quadra. Ainda bem que a lógica do futebol transcende essas idéias que por vezes passam em nossas cabeças...enquanto isso, sigo aguardando o “dono da bola” de 2010, porque pragmatismo demais é nauseante.
É verdade, amigo Bina. Os times que contam com jogadores de menor expressão técnica compensam a ausência de qualidade com imposição física, força e velocidade. Assim, conseguem equilibrar um confronto que, do ponto de vista da “bola”, seria desigual. Mas eu tenho esperança que ultrapassada a fase de grupos, quando os confrontos ocorrerem entre seleções com melhor e equivalente qualidade técnica, ambos com o propósito de atacar, ambicionando vencer a partida, tenhamos bons jogos para assistir.
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