Coluna-Ponto-de-Vista-1

Espaço do leitor


 Importância de um Segundo Turno

            Daqui a exatos três dias, o povo brasileiro irá às urnas para escolher as novas chefias do Executivo federal e dos Estados, além de renovar os parlamentos em ambas as esferas. Desnecessário mencionar neste espaço o juízo, acaciano de tão óbvio, a respeito da importância de que a decisão que emanar do voto popular irá definir os rumos do nosso futuro. Entretanto, cremos que nesta eleição como em nenhuma outra da nossa história recente, alguns valores fundamentais estarão em jogo, e o resultado das eleições, no Estado ou no País, irá certamente interferir na prevalência ou não destes princípios para nossa sobrevivência democrática.
            A campanha eleitoral que ora finda, embora quase não tenha discutido temas políticos de relevância para o futuro, acabou nos apresentando um quase desespero de causa do atual governo federal no esforço de “liquidar a fatura” da disputa já no primeiro turno. Nos dias finais da campanha o mais alto mandatário da República hostilizou ferozmente a imprensa livre, defendeu a “extinção” de um partido da oposição e atropelou regras e instituições democráticas pra promover o nome de sua protegida, usando todo o aparato oficial neste sentido. E toda esta violência contra as regras constitucionais foi cometida num cenário em que o Presidente atual goza de 80% de popularidade. Se por um acaso o presidente não fosse tão popular assim, o que mais teria acontecido?

            Entretanto, esta violência desproporcional provocou uma reação maiúscula da sociedade civil, “nunca antes vista na história deste país”, como costuma dizer nosso Presidente. Até o momento em que redijo este texto, mais de 61 mil pessoas aderiram a um Manifesto em Defesa da Democracia, lançado na Faculdade de Direito da USP com a adesão de nomes como Dom Paulo Evaristo Arns e Hélio Bicudo, insuspeitos de direitismo, entre centenas de outras personalidades do direito, das artes, da religião e da sociedade. A Igreja, tanto a católica quanto a evangélica, se posicionaram através de suas lideranças, desaconselhando o voto em quem defende o aborto, a relativização do Direito à Propriedade e a legalização de certas drogas, temas que os partidos não tinham tido a coragem necessária para trazer ao debate.
            É por isso que chamo a sua atenção, amigo leitor, para o pleito que se avizinha. “liquidar a fatura” neste primeiro turno só interessa a quem deseja perpetuar, a qualquer custo, sua permanência no poder, mesmo que pra isso tenha que deixar à mostra seus arreganhos autoritários. O mesmo sucede no nosso Estado, onde somente a desinformação dos mais jovens sobre o passado pode explicar o índice das pesquisas. Alerto aos pais, para que falem a seus filhos da situação em que se encontrava nosso Estado a não mais que doze anos atrás, quando investimentos internacionais foram verdadeiramente expulsos do Rio Grande, levando consigo empregos, esperanças e sonhos.  Com muito trabalho e ajuste fiscal, o Estado foi reinserido nos trilhos. Na eleição passada, discutia-se apenas quem iria governar a crise. Hoje já é possível escolher quem vai governar o futuro.
            Não pretendo neste espaço sugerir que você vote neste ou naquele nome. Meu modesto apelo, prezado leitor, é que seu voto contribua para que tenhamos uma nova rodada de discussões, de debate, de cotejamento de projetos, na esfera nacional e estadual. Com um segundo turno, todos terão condições de votar com maior clareza a respeito do Rio Grande e do Brasil que nós queremos. 

Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul

Um comentário:

  1. Usar de ‘dois pesos e duas medidas’, quando da avaliação de pessoas, é a forma velada e maldosa de criticar.
    Acusar o Presidente Lula de fazer um esforço desesperado para eleger sua sucessora, esconde uma crítica maldosa a ele (o que era de se esperar, vindo de quem vem).
    Todo e qualquer partido político, em qualquer país do mundo, almeja chegar ao poder. Após chegar ao poder, pretende permanecer no poder. Este é um princípio elementar da Ciência Política.
    Quando o ex-Presidente FHC empenhou-se pessoalmente em aprovar uma reforma na Constituição Federal, permitindo a reeleição, não lembro de crítica a ele dirigida.
    Acusar o Presidente de hostilizar a imprensa é fácil. Mas, porque não se criticou a imprensa por passar 8 anos hostilizando o governo e a pessoa do Lula?
    Tenho na memória a capa de uma revista semanal em que aparecia o Presidente com uma marca de chute na bunda. Pergunto-lhes: isso é o exercício de uma liberdade de imprensa ou o uso da imprensa com propósitos sem escrúpulos?
    Naturalmente, o articulista elogia o Governo Yeda: governo autoritário, que perseguiu e criminalizou os movimentos sociais, repleto de denúncias sobre atos de corrupção e recordista de gastos de verbas públicas em publicidade (R$ 270 milhões em 2009, segundo informações prestadas pelo TCE).
    Pregar o segundo turno nas eleições, na verdade, é promover uma campanha contra um projeto de governo que demonstrou ser vitorioso no Brasil. Este é o real intuito do articulista, no meu ponto de vista.
    Opor-se a um governo que goza de imenso prestígio e apresenta indicadores sócio-econômicos impressionante e, ao mesmo tempo, defender outro governo alvo de inúmeras denúncias, soa estranho.
    São escolhas...

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