Coluna Anderson Almeida

A POSTURA DA IMPRENSA

Esta semana fui informado de que na edição de terça-feira, 28, do Jornal Correio Gabrielense, o articulista e amigo Bereci Macedo havia questionado alguns posicionamentos na coluna do dia 17. Num primeiro momento, achei desnecessário comentar a respeito, pois numa cidade pequena como a nossa, todos sabem quem é quem, que postura adotam, que time torcem, que partidos são, enfim, todos conhecem à todos.

Porém, a condição de imparcialidade mencionada pelo colunista me levou a prestar este esclarecimento aos leitores: dizer que eu tenho posição política em nenhum momento me deixa desacreditado, pelo contrário, pois os leitores sabem exatamente o que irão encontrar aqui, já que não me escondo atrás de uma falsa isenção. Até porque, todos sabem que tenho partido e que ingressei neste, quando ainda não estava no poder. Além disso, há poucos dias, o jornal Estado de São Paulo abriu seu apoio ao candidato Serra. Deixou de ser lido, de ter assinantes? Não, né? Pelo contrário, seu gesto contribuiu pra oxigenar a imprensa e desfazer hipocrisias.

Agora, quando o amigo fala de escândalos estaduais, vale uma reflexão. “Escândalo” é toda e qualquer denúncia, mesmo quando não comprovada (como no caso do governo estadual) ou só contempla as denúncias que foram provadas? Claro que Serra teve também infrações apontadas, mas na edição fiz um parâmetro com Dilma, pois esta fora multada 10 vezes em poucos dias. Não falei de Lula, que também fora multado várias vezes por fazer propaganda antecipada.

E se é pra falar em escândalos, talvez seja tempo de discutir temas como a proteção dada a um terrorista italiano condenado por seu país por certo candidato quando ministro da Justiça. Ou as palavras deste mesmo ex-ministro sobre uma ação do MST em 21 de fevereiro do ano passado, onde os sem-terra executaram quatro pessoas com tiros na cabeça e no rosto. Até o presidente Lula condenou a ação terrorista, mas este senhor defendeu os assassinos, dizendo que não havia radicalização. Apenas “um certo arrojo”.

Ou talvez devamos achar legítimo que o filho de uma ministra, até ontem um joão-ninguém, consiga enriquecer à custa de tráfico de influência dentro do governo, e que essa ministra, agora demitida, fosse o pivô de um esquema de espionagem pra intimidar adversários, quebrando sigilo fiscal, sigilo bancário, e o que mais viesse.

Prezado Bereci, sei que prezas o direito de as pessoas pensarem diferente. Mas o governo que aí está usa meios oficiais justamente pra intimidar quem pensa diferente dele.

É isso que queres para o seu país? Eu não.

O amigo segue tendo a admiração pela postura firme em questionar todo e qualquer governo, porém eu, não posso aceitar algumas coisas que ocorrem e que, num mundo globalizado mancham a imagem do Brasil lá fora. Ah, também não quero novas invasões da Via Campesina aqui no Estado. Ponho aqui um fim a este assunto, pois como disseste na sua coluna, eu também tenho o direito de pensar diferente. Um grande abraço e boas eleições.