Espaço do leitor
Encerradas as apurações de voto do primeiro e segundo turno das eleições, quando o resultado mostra que o povo brasileiro confiou mais um mandato à candidatura do Partido dos Trabalhadores à frente da Presidência da República, cremos que é mais que necessário uma reflexão sobre o papel que as forças que sustentaram a candidatura de José Serra deverão desempenhar ao longo dos próximos quatro anos. Com duas candidaturas em disputa, ao escolher uma para governar, a população automaticamente confiou às forças que apoiaram José Serra uma tarefa fundamental em qualquer regime democrático que se preze, que é o exercício da Oposição.
A cultura política nacional ainda enxerga com boa dose de desconfiança este tipo de tarefa, que nas democracias dignas deste nome, é levada muito a sério. Países como Portugal possuem um Estatuto do Direito de Oposição, e na Inglaterra a oposição é considerada tão vital para a democracia quanto quem governa, a ponto de o líder da oposição no parlamento ter direito a um gabinete público e salário pago pelo Estado. Nos países onde o regime democrático funciona sem problemas, enquanto o partido vencedor executa seu projeto de governo, os que perdem as eleições fiscalizam o governo e apresentam alternativas à sociedade, atuando sempre dentro das regras da democracia, pois como ensina Rodrigo Borja em sua “Enciclopédia de la Política”: “O propósito de um partido de oposição não é, por certo, derrubar o partido que está no poder nem suplantá-lo à margem da lei”. Entretanto, por muitos anos no Brasil oposição foi sinônimo de sabotagem, justamente por conta do comportamento do PT, boicotando o apoio a Tancredo contra Maluf, rejeitando a Constituição, opondo-se ao Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal e usando seus operadores na imprensa e no Ministério Público contra adversários, destruindo a reputação de quem se colocasse em seu caminho.
Foi esta forma brutal de oposição que esteve presente durante os quatro anos de governo tucano no Rio Grande do Sul. Tentáculos petistas no MP e na grande mídia não deram trégua ao governo, agredindo a honra pessoal e até mesmo a família da governadora. Agindo desta forma, o PT e seus aliados maximizaram a insatisfação da sociedade para depois capitaliza-la. Prova disso é a desfaçatez com que a mídia já fala que o provável secretário de segurança pública do novo governo venha a ser justamente o superintendente da Polícia Federal que colaborou na sangria pública do governo tucano.
É por conta do que estará em jogo nos próximos quatro anos que o PSDB, tanto na esfera federal quanto no Estado, deve assumir plenamente a responsabilidade que lhe foi confiada pela população, como maior força da oposição. No Estado, mesmo que outros partidos tenham uma bancada maior na Assembléia, cremos que caberá ao PSDB a tarefa de liderar a crítica ao novo governo, já que até aqui as outras legendas não demonstraram grande apetite para esta tarefa, quase como se esperassem um convite para voltar ao Palácio.
A oposição será de fundamental importância tanto no Estado quanto na União, para impedir a pasteurização do debate político e para representar os valores que mobilizaram 45% dos brasileiros e, no Estado, se contarmos apenas os votos em Yeda, mais de um milhão de gaúchos, e isto contra todas as previsões da mídia. O novo governo gaúcho receberá um Estado com finanças equilibradas e com sua capacidade de investimento ampliada, e estas conquistas precisam ser protegidas do modelo temerário que expulsou a Ford e esboroou as receitas líquidas na vala comum do caixa único.
É hora de exercer oposição. E oposição democrática, porém firme e inconfundível, sob pena de trair a enorme base popular que estará disposta a lhe dar respaldo nesta missão.
Pr. Cláudio Moreira
Membro do Diretório do PSDB de São Gabriel - RS
Cláudio,
ResponderExcluirAlgumas considerações precisam ser explicitada, a bem da verdade!
O povo brasileiro escolheu um projeto político (desenvolvimento econômico com distribuição de renda)!
O eleitor não escolheu um projeto de oposição, mesmo porque a oposição não apresentou projeto algum. Aliás, escondeu-o quanto pode.
O PSDB cooptou capital político pertencente à direita brasileira (e neste ínterim, o candidato Serra portou-se muito bem). A direita racista, preconceituosa, hipócrita e que sempre viveu às custas do estado.
Não é por acaso que o apoiavam a TFP, a Opus Dei, militares golpistas de 64, Monarquistas e a Imprensa golpista.
Para ilustrar, eu não lembro de ninguém ter manifestado voto ao candidato Serra por suas propostas, apenas por ele ser oposição ao governo.
O Partido dos Trabalhadores nunca exerceu a sabotagem como prática de oposição. Este papel coube ao PSDB e à imprensa golpista durante os 8 anos do governo Lula.
O PT não possui tentáculo no MP e tampouco na grande mídia (isto soa cômico). A PF não fez oposição ao governo do PSDB no RS! O governo Yeda foi caótico, envolveu-se por conta própria em escândalos e sempre rivalizou e agrediu que se opunha a ela. Colheu o que plantou.
É mentira que o governo que se encerra entrega o Estado com finanças equilibradas (basta ler o relatória de auditoria do TCE). É mentira que o governo de Olívio Dutra tenha expulsado a Ford do RS. São mentiras que criadas por uma casta política e repercutida pela mídia comprometida.
A verdade é que o povo gaúcho e brasileiro fizeram suas escolhas. Sábias escolhas.
Prezado José Ricardo:
ResponderExcluirA opinião que apresentas, embora coerente com o discurso hegemônico das esquerdas, não é de modo algum a expressão da correta verdade dos fatos, e é o que passaremos a demonstrar.
Não é verdadeiro, por exemplo, que o candidato José Serra não tenha apresentado um projeto de desenvolvimento. Concordo que muitas vezes os programas televisivos dos dois candidatos tenham pecado em não apresentar tais projetos em profundidade, mas em debates, entrevistas e outras ferramentas disponiveis durante este processo eleitoral, o candidato Serra apresentou um projeto claro de desenvolvimento com o fortalecimento das instituições e dos marcos da democracia: liberdade civil, respeito aos contratos, liberdade religiosa, e outros aspectos que só viriam a ser trazidos à campanha de Dilma bem mais tarde, no segundo turno. Em certos aspectos, como o papel do Banco Central, a visão de José Serra estava bem mais à esquerda que a de Dilma, que manteve o modelo de autonomia, do qual Serra foi um crítico. Eu mesmo tive a honra de integrar, como indivíduo, um dos comitês do Programa de Governo Colaborativo que Xico Graziano coordenou na Internet, na área de Direitos Humanos, onde pude apresentar algumas contribuições.
Quanto à adesão da parcela mais conservadora da sociedade brasileira à campanha de Serra, creio que não ocorreu em medida maior que na campanha de Dilma, que contou com a adesão de figuras como José Sarney, Delfim Netto, Paulo Maluf, Edir Macedo, e outros que de forma alguma poderiam ser classificados como socialistas, proletários ou de origem popular. Boa parte do conservadorismo brasileiro também fez par com Dilma Rousseff, e lhe dará sustentação no Congresso Nacional.
Ao dizer que o PT nunca adotou a sabotagem como estratégia de oposição, você simplesmente falta com a verdade histórica. A ligação histórica do partido com jornalistas que produziram escândalos artificiais como a "pasta rosa" do governo Itamar Franco e promotores com denúncias evasivas (quem nao lembra do procurador Luiz Francisco de Souza que por anos a fio perseguiu o tucano Eduardo Jorge, conforme foi mais tarde reconhecido pelo próprio Conselho Nacional do Ministério Público?).
Este método violento de oposição, que incluía a desconstrução da imagem pública do oponente, foi primeiramente testado no RS com Collares, paradoxalmente o mais entusiasmado defensor de Dilma na atualidade, e prosseguiu contra Britto, Rigotto e agora Yeda.
O que cabe ao PSDB é exercer um papel efetivo de oposição, com uma diferença do PT: agir dentro dos marcos constitucionais.
Respeitoso abraço,
Pr. Cláudio Moreira
O Sr. Ricardo sempre precisando de umas aulinhas de português... Me nego a ensiná-lo, pois tem características petistas de nascimento: quando tira duas mãos do chão, relincha! Sigamos, pobre Brasil!
ResponderExcluirCláudio,
ResponderExcluirEu disse e reafirmo que o candidato Serra não apresentou proposta alguma.
Salário-mínimo de R$ 600,00, 10% de reajuste para os aposentados, 13° para o bolsa-família soa muito falso para um partido que só soube promover arrocho salarial quando esteve no poder.
Falar em liberdade religiosa, respeito aos contratos, liberdade civil? Pretender pautar a campanha eleitoral com estas propostas é piada de mau gosto.
Isto são cláusulas pétreas da Constituição Federal.
Eu nunca disse que a candidatura da Presidenta Dilma não recebia apoios à direita.
Eu disse que o voto da direita (da direita reacionária, elitista, preconceituosa e excludente), este voto foi cooptado pelo PSDB (ironicamente, um partido que se intitula social-democrata).
Sarney apoia Dilma porque odeia Serra, responsável por promover, junto com a PF e a TV Globo, o escândalo da Lúnus, difamando sua filha Roseana.
E para tua lembrança, Paulo Maluf apoiava Serra.
Agora, falar em descontrução da imagem???
Francamente, Cláudio Moreira. Durante a campanha toda, o PSDB e seus aliados tentaram descontruir a Presidenta Dilma, chamando-a de poste, de ventríloquo.
O mais preparado, as melhores propostas, a melhor biografia, estas eram todas de José Serra.
Pois 'o mais preparado perdeu para o poste'.
E a verdade venceu a mentira!
Anônimo,
ResponderExcluirSeja homem, ao mesmo, para assumir o que tu escrever.
Evite participar de discussão se tu não possui educação e, tampouco, inteligência para contribuir com nada.
Faz o favor, então, aponte um erro de português no meu texto e me corrija, se for capaz.