Coluna-Ponto-de-Vista-1

Espaço do leitor

Ok, Eles ganharam... e agora?

            Transcorrido o segundo turno das eleições gerais, o povo brasileiro já conhece os nomes de quem responderá pelos destinos da Nação, dos Estados e do Congresso Nacional nos próximos quatro anos. Com o fim da eleição, vão-se embora as restrições hediondas da Lei Eleitoral, que inibia a livre manifestação de opiniões e análises sobre o pleito. O fim desta censura anacrônica nos permite falar mais abertamente sobre os resultados e o que o setor produtivo, especialmente o setor agropecuário, pode esperar dos próximos governos, tanto o que se instala no Palácio do Planalto quanto o que terá assento no Palácio Piratini.
            Não é segredo para ninguém que o setor rural, através da Farsul e dos sindicatos rurais, tinha mais afinidade com os projetos apresentados por José Serra e Yeda Crusius, nas suas respectivas esferas de competência. Entretanto, lá e aqui, os projetos vencedores foram ligados ao Partido dos Trabalhadores, aliado histórico de grandes inimigos do agronegócio e do desenvolvimento, como o MST e ONG’s correlatas. Lula, o presidente que deixa o cargo em janeiro, tinha carisma pessoal o suficiente para conter os ímpetos de aliados e apoiadores mais radicais. Dilma Rousseff, que vem de um corte ideológico mais alinhado com estes grupos, conseguirá o mesmo?

            A experiência histórica nos ensina a desconfiar de pronunciamentos cheios de boas intenções. Embora não acreditemos em um enfrentamento agressivo com o agronegócio (a sociedade civil não permitiria), não haverá nenhuma lua-de-mel que permita sonhar com o fim da política de preços que penaliza o produtor há quase uma década. O produto final deverá continuar a ser comercializado a um valor abaixo do custo de produção, pois é esta política nociva que sustenta o populismo da comida barata, responsável, em grande parte, pelo êxito eleitoral da presidente eleita.
             Entretanto, acreditamos que o setor continuará contando com efetivos defensores no Ministério da Agricultura, a exemplo de ministros que foram excepcionais no Governo Lula, como Roberto Rodrigues, Luiz Carlos Pinto e Reinhold Stephanes. No Estado, já se cogita o nome do ex-prefeito de Bagé Luiz Fernando Mainardi, que tem estreita relação com o setor e conhece bem o agronegócio de toda a Metade Sul, com condições de estabelecer um diálogo qualitativo.
            Se algo merece ser saudado nas primeiras manifestações de Tarso Genro, é o propósito de deixar na lata de lixo da história o período de tensões que caracterizou a Agricultura no desgoverno de Olívio Dutra. O novo governador assumiu compromisso público com as diretrizes da Agenda 2020 – “O Rio Grande que Queremos”, concebida por um pool de instituições da sociedade civil e do governo, e que contou com a participação do Sindicato Rural de São Gabriel. A se confirmar as palavras do governador, existem boas chances da permanência do ajuste fiscal corajosamente iniciado por Yeda Crusius, além do enfrentamento de cinco grandes gargalos: Reforma da Previdência, Educação Básica de Qualidade, Investimentos em Infra-estrutura e Parques Tecnológicos.
            O que se recomenda aos setores produtivos é a prudência, mas uma prudência vigilante. A discordância ideológica não será motivo para afastar o diálogo com o novo governo. Mas este diálogo terá que se pautar no respeito à lei, na segurança jurídica e na valorização dos produtores, verdadeiros agentes do bom momento da economia gaúcha e brasileira.

Tarso Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul

4 comentários:

  1. Eu não vejo o processo eleitoral com este sectarismo do Autor. Não creio em 'eles ganharam' ou 'eles perderam'.
    Acredito que o Brasil vence com a experiência democrática e que o projeto de continuidade da política de desenvolvimento econômico com distribuição de renda foi exitoso.
    Soa estranha a confissão que as entidades de classe (Farsul e Sindicato rural) tinham preferências partidárias. Coincidentemente, isso sempre foi negado às entidades de trabahadores, que eram vítimas de críticas ferozes se manifestassem apoios partidários.
    Não vejo o MST e as ONG's ambientais como inimigos do agronegócio. Vejo-os como críticos de um modelo de exploração agrícola predatório ao meio ambiente e ao ser humano (Brasil é o país campeão no uso de pesticidas, a lei ambiental é desrespeitada, a água e os rios são agredidos de toda forma).
    Para finalizar, muda este discurso que o preço agrícola não cobre os custos de produção. Isto não convence ninguém.

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  2. Nós, que ELEGEMOS A PRIMEIRA PRESIDENTE MULHER DA HISTÓRIA, A DILMA, não vamos responder a sua manifestação porque sabemos que o senhor jamais teria alcance para escrever esse texto. o senhor, DR. TARSO, apenas assinou esse artigo raivoso, típico dos DERROTADOS e PRODUTORES QUE SE QUER TEM UMA QUADRA DE CAMPO EM SÃO GABRIEL. Portanto, o senhor, DR. TARSO, merece o nosso repúdio!

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  3. PT inimigo do desenvolvimento? ahuhuhuh...
    Isso só pode ser piada.
    Inimigo do desenvolvimento é o PSDB do entreguismo, das privatizações e da subordinação ao capital e as ordens estrangeiras.
    O crescimento tem de ser sustentável e pautado pela eqüidade de riqueza e valores.Assim como foi feito no governo Lula e que,com esperança, será seguido por Dilma.

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  4. "não haverá nenhuma lua-de-mel que permita sonhar com o fim da política de preços que penaliza o produtor há quase uma década. O produto final deverá continuar a ser comercializado a um valor abaixo do custo de produção, pois é esta política nociva que sustenta o populismo ..."

    Tarso Teixeira, em apenas UMA e ÚNICA coisa concordo contigo. Tu expressas o que realmente sente ... e fala! E para por aí para nossas semelhanças.

    A frase "entre aspas", ditas por ti, é dita desde antes de existir a profissão mais antiga do mundo, ou seja, não faz apenas "quase uma década". Digo mais, na função que ocupas no sindicato, deverias ter mais cuidado com as palavras ditas por ti, uma vez que nem todos os produtores rurais compactuam com elas.

    Tens a pretensão a se candidatar a algum cargo público? Parabéns pela medalha ganha pelo exército!

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