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Espaço do leitor

As Águas e o Nosso Futuro

         As cenas tristes que invadem os telejornais de todas as emissoras, com cidades devastadas pela enxurrada que matou mais de 600 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro, comovem todo o país e provocam um sentimento de união nacional para superar a tragédia. A gigantesca generosidade do povo brasileiro supera o vácuo do poder federal, que não consegue prestar a devida assistência no desastre.
      Entretanto, tão importante quando ajudar, é refletir sobre estes acontecimentos, com o propósito de encarar o futuro de forma prudente. E uma pergunta se impõe no meio deste caos: Será que municípios como o nosso, estão livres deste tipo de ocorrência? Certamente não temos em São Gabriel morros que possam desabar sobre nossas cabeças, mas o que dizer do que aconteceu, por exemplo, na cidade paulista de Franco da Rocha, inundada pela força das águas do Rio Jacareí? A cada ano, as alterações climáticas colocam novos municípios embaixo d’água, e na maioria deles o vilão é sempre o mesmo: a falta de tratamento dos esgotos.

        Lembro da atuação parlamentar do meu pai, Carlos Alberto Moreira, que teve como uma das marcas de sua luta política a defesa do Rio Vacacaí, quando ainda não era moda falar em preservação ambiental. Uma procura minuciosa nos Anais da Câmara certamente encontrará registros de seus muitos pronunciamentos sobre o assoreamento das encostas e a poluição do rio, provocada especialmente pelo despejo de dejetos in natura da maioria dos bairros da cidade. Numa música que ele compôs, chamada “Grito de Socorro”, já falava do assunto.
         A atual discussão em torno do saneamento básico no município passa por esta questão. O tratamento de esgoto, no atual modelo, é completamente negligenciado. Não é preciso ser técnico ambiental para prever que, num curto espaço de tempo, a sujeira que invade o rio há gerações poderá cobrar seu preço, prejudicando especialmente os bairros próximos ao leito do rio.
         A prefeitura hoje propõe a discussão de um novo modelo, e o debate é acirrado por velhos preconceitos. Os que criticam a idéia da participação da iniciativa privada no saneamento básico esquecem que há muito o Poder Público não possui a capacidade de investimento necessária para substituir redes e universalizar o tratamento de esgotos, caso contrário eles já teriam sido feitos ao longo destas últimas décadas. Impedir a participação de quem pode gerar estes investimentos com tarifas mais baixas, é querer prejudicar a população em nome de uma visão arcaica, que acha que o Estado tem que ser ele próprio empresário, ao invés de ser um regulador e um parceiro.
         O passado foi importante, mas prender-se a ele é uma forma segura de não vislumbrar o futuro. Que o futuro de São Gabriel possa ter nas águas do Vacacaí uma solução, e não um problema.

Pr. Cláudio Moreira
Jornalista e pastor evangélico, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento e Agente de Desenvolvimento formado pelo SENAI

2 comentários:

  1. O MOREIRA E AS SUAS FALSAS PREGAÇÕES.
    MUITO PRUDENTE ESSE PRONUNCIAMENTO, NÃO FOSSE A FALSIDADE E A PUXAÇÃO DE SACO PRO LADO DO PREFEITO, AQUELE QUE LHE DÁ UM CARGO DE BOM SALÁRIO.
    PARABÉNS MOREIRA! TU ESTÁS DANDO ÀS PESSOAS A OPORTUNIDADE DE TE CONHECER VERDADEIRAMENTE. É BOM QUE OS TEUS (AINDA) FIÉIS VEJAM COM QUAIS PRINCÍPIOS TU REGE AS TUAS OPINIÕES.
    SABE DE UMA COISA? EU ATÉ ACHO QUE SERIA UMA BOA TU TE MANDAR PRA VILA NOVA!

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  2. Não sei por que razão o comentário "anônimo" se dá ao trabalho inútil de ocultar o nome, já que a última sentença entrega facilmente de quem se trata. Além do que, até os paralelepídos da Francisco Leivas sabem quem se presta a esse tipo de atitude covarde e sub-reptícia.

    A capacidade que o ser humano tem de baixar o nível nunca me surpreende.
    Ah, e outra coisa, "Anônimo"... "eu" não tenho fiéis. Apenas estimulo as pessoas a conhecer a Cristo. Não faço fiéis pra mim. Não tenho, como alguns, a pretensão patrimonialista de ser "dono" de pessoas, legendas e destinos. Acredito na autonomia de pensamento, coisa que deve ser estranha pra quem quer se promover a caudilho a qualquer custo.

    No mais, não precisa se preocupar comigo sobre onde estou ou para onde vou. Não tenho planos de sair da cidade. Os que me agraciam com seu ódio dedicado podem continuar odiando à vontade. Sinto decepcioná-lo, mas o mundo não é uma casinha de bonecas onde você pode tirar e colocar as bonequinhas ao bel-prazer. No que depender de mim, seguirei fazendo aqui mesmo meu caminho. E rindo, que a amargura é um sentimento muito, muito ruim.

    Deus te abençoe, "anônimo", seja quem for...

    "Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam".

    (Mateus 5:44)

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