Coluna Giancarlo Bina

A ANSIEDADE E O HOMEM 

Tenho um amigo ansioso. A frase por si só se explica, mas acho, sinceramente, que ela cabe muito bem para uma análise reflexiva de nosso comportamento cotidiano. 

Há um século existia uma doença que ceifava uma porção de vidas e, por isso, foi chamada de “MAL DO SÉCULO”, a Tuberculose. Graças à invenção do Antibiótico, muitas vidas foram salvas e, hoje, essa patologia já não tem os mesmos índices de incidência do passado. 

Meu amigo é boa pessoa, mas quer resolver tudo em segundos. Está trabalhando e, ao mesmo tempo, pensando no que vai fazer à noite.
Está jantando com amigos e, sem notar, está preocupado com a conta do telefone que vence amanhã e com o tempo que precisará reservar do seu dia para ir ao banco quitá-la. Está jogando futebol com seus dois belos filhos e não esquece que precisa, o quanto antes, ligar para a empresa para acertar a reunião do outro dia. Está namorando com sua bela esposa e, sem delongas, está preocupado em visitar seus avós na manhã seguinte. É gente boa esse meu amigo. 

Você pode até começar a julgá-lo por estes poucos exemplos que citei, mas vamos raciocinar um pouco. O dia tem só 24 horas para ele e ele acha pouco. Será que há vida dessa forma?A Organização Mundial de Saúde já colocou o estresse como uma das principais causas de doenças crônicas da população mundial. E estresse e ansiedade andam lado a lado, como recém casados. 

É gente boa esse meu amigo, mas talvez esteja perdendo tempo com tanta preocupação. Talvez não esteja aproveitando bem o seu trabalho, não esteja tendo prazer em seu jantar, não esteja vendo seus filhos crescerem fortes e sadios, nem se esbaldando no doce amor de sua esposa. 

Faço uma ponte entre a Ansiedade de meu amigo e o “Mal do Século” porque essa nomenclatura talvez pudesse ser transferida para esta doença. Seria um prêmio e, talvez, meu amigo ficasse mais tranqüilo em ter o título de “Ansioso padrão”. 

Concluindo, sei que nenhum de nós vai julgá-lo tanto, até mesmo porque também temos um pouco disso. Somos humanos e faz parte do homem ser assim. Sugiro, portanto, que ,para finalizar, façamos um brinde com uma taça de vinho ao meu amigo e à ansiedade, sem, por favor, nos preocuparmos com a uva ou a safra em questão.