Possível crime ambiental cometido por terceirizada da Prefeitura poderá acabar no Ministério Público e até em CPI
Foto flagra funcionário realizando possível trabalho de capina química Fotos: Antonia Laisa/Especial |
Na madrugada de terça-feira, 15, a reportagem do jornal Cenário de Notícias flagrou uma prática ilegal que estaria sendo feita por uma equipe de funcionários da Gussil, que presta serviço para a Secretaria de Serviços Urbanos.
Por volta das 5h30min era possível visualizar a caminhonete da secretaria estacionada em um dos lados da via, enquanto funcionários trabalhavam com máquinas costais espalhando produtos químicos na vegetação próximo as calçadas. Prática que é considerada crime ambiental, segundo legislação que proibe capina química.
Aos avistarem a reportagem do jornal, os funcionários teriam tentado fugir, mas foram impedidos pela chegada da BM.
Material estaria dentro da caminhonete da secretaria |
Segundo informações da reportagem, os mesmos disseram que estariam fazendo o trabalho a pedido do Secretário Porto, que os orientou que usassem produtos químicos à noite, sendo que primeiro disseram que era um trabalho de combate a dengue.
Os funcionários não estariam usando nem luvas, nem máscaras de proteção e, enquanto dois deles falavam com os policiais, outro teria jogado veneno contra a repórter do jornal que estava de costas fotografando o incidente.
Três homens foram conduzidos à Delegacia de Polícia, onde foram apreendidos 1 galão de 5 litros de veneno Touchdown com aproximadamente 300 ml, 3 máquinas costais de 20 litros cada, 1 vazia e duas contendo 10 litros de veneno cada e 2 bombonas de 50 litros cada. O fato foi registrado como apreensão de objetos e possível crime ambiental.
Segundo a cláusula quarta do contrato com a empresa Gussil, estão incluídos no valor contratado, os custos de manutenção geral, despesas de pessoal com os respectivos encargos decorrentes da execução do objeto contratado; despesas com equipamento de segurança, uniformes, fornecimento de material de limpeza e demais itens constantes do projeto básico constante do Edital e respectivos anexos.
Segundo a lei federal, aplicar herbicidas é contra lei, pois é proibido uso decorrente em áreas urbanas.
Rômulo: "De onde saiu o dinheiro para comprar esse veneno?" |
Para o vereador Rômulo Farias, líder da oposição, como o contrato prevê uso de luvas, máscara, macacão, bota, óculos, dentre outros, o ato é uma total irresponsabilidade:
"Como eles podem estar fazendo trabalho da dengue, se existe uma equipe de técnicos capacitada e essa atribuição não é dos Serviços Urbanos e, sim da Secretaria de Saúde. Vamos entrar com um pedido de informação para saber de onde saiu o dinheiro para comprar esse veneno, se realmente foi herbicida secante que é utilizado em lavouras de soja, entre outros, porque usam carro da secretaria (crime de improbidade administrativa), se tem uma empresa terceirizada para isso. Vamos entrar na sequência com a denúncia no Ministério Público, após, numa possível CPI - que poderá ocorrer caso tenha assinatura de três vereadores - e que poderá resultar inclusive na cassação do prefeito caso não haja resposta do pedido de informação em até 30 dias", ressaltou Farias.
O vereador do PSB diz que sempre questionou a contratação da empresa que ganharia mais de R$ 2.500,00 por cada funcionário, sendo que estes recebem em torno de R$ 500,00, na maioria das vezes com atraso nas férias, vale-refeição e vale-transportes.
"Mesmo ciente dos encargos trabalhistas o valor fica bem aquém do que poderia ser pago aos funcionários", destacou e acrescentou, reafirmando que os mesmos estão cometendo crime.
"Embora estivessem com equipamentos como luvas, máscara e capa, pior que isso, eles estão colocando em risco sua vida e contrariam a legislação, cometendo crime ambiental, reafirmou.
Rômulo espera inclusive apoio até situação nesse manifesto:
"Tem que limpar os bairros mas não de forma amadora. Espero que os vereadores do PDT que questionavam a prática nos apoiem. Quando era o secretário anterior não tinha tanta máquina quanto hoje e ainda assim tem que recorrerem a meios ilegais. O prefeito quer assumir o controle da qualidade da água e manda colocar herbicidas que vão para as nascentes, argumento que era utilizado pelo vereador Nenê em outras épocas. A atitude coloca em risco a saúde pública, talvez por isso ele também queira assumir a Santa Casa", ironizou.
Rômulo destaca ainda que inclusive já foi relator da CPI dos computadores, tendo na ocasião a ex-vereadora Sandra Xarão como Presidente, no ano de 2003.
"Creio que os contratos com todas as terceirizadas poderá resultar sim em CPI". finalizou Farias.
NOTA DA REDAÇÃO
Deixamos o espaço tanto para Prefeitura quanto para que a empresa Gussil manifeste a sua versão do fato.
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Deixamos o espaço tanto para Prefeitura quanto para que a empresa Gussil manifeste a sua versão do fato.
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