Coluna-Ponto-de-Vista-1

Falando em música

Cibele Ambrozzi
Colunista do blog


Mitos e Lendas II 
(CONTINUAÇÃO) 


George Harrison, o beatle mais novo do grupo e amigo desde a infância de Paul MacCartney, era considerado o mais tímido da banda, característica adotada equivocadamente pela mídia, pois muitos de seus amigos íntimos discordavam desta afirmação. Harrison deixou de gravar várias de suas composições quando fazia parte dos Beatles, dentre as mais conhecidas do cantor/guitarrista/produtor que se destacaram na banda foram: "Here Comes the Sun", "Something" e "While My Guitar Gently Weeps”, mesmo sendo ele um dos melhores músicos e compositores não havia espaço suficiente nos discos para encaixar muitas de suas canções, a maioria dos álbuns foi preenchida com várias canções compostas por Lennon e MacCartney. Após o término do grupo, Harrison, frustrado, resolveu gravar todas suas melodias que estavam guardadas há um bom tempo e lançou em 1970, seu LP triplo Al Things Must Pass com a clássica e conhecida “My Sweet Lord”.
Sofreu com o fato de seu melhor amigo Eric Clapton ter tentado conquistar por várias vezes sua esposa, na época, a modelo Pattie Boyd, que serviu de inspiração para várias canções de alguns astros do Rock, sabe-se que “Something” composta por Harrison foi uma delas, Clapton também compôs algumas canções, e dentre elas, a mais conhecida “Layla”, do álbum “Layla and Other Assorted Love Songs” uma das mais belas canções de amor do blues/rock, composta com a ajuda do baterista Jim Gordon e gravada pelo grupo “Derek and the Dominos” no qual fazia parte, inclusive, poucos têm conhecimento sobre esta banda. Eric chegou ao ponto de pedir que a modelo fugisse com ele e largasse do seu marido, caso contrário ele começaria a usar heroína, como ele ficou um bom tempo viciado na droga, deu pra perceber qual foi a resposta dela na época né?! Depois de quase uma década e ainda apaixonado pela modelo, o músico para tentar perder o vício em heroína, que cheirava por morrer de medo de agulhas, resolveu se afundar no álcool e ficou ainda mais debilitado, mas por fim, acabou conseguindo o que queria, a modelo Pattie. 
Apesar de Harrison parecer um vitimado, ele não ficou para trás, em 73 fez uma viagem para Espanha com Krissie, mulher do Rolling Stone Ronnie Wood, supostamente para ver Salvador Dali, tempos depois dessa viagem, foram pegos em um quarto trancados, por sua mulher que enquanto esmurrava a porta ouvia risos e deboches. A música “Breathe on Me” de Ronnie, também foi inspirada na modelo, ambos tiveram um relacionamento após o divórcio dela com o ex-beatle, que veio a acontecer quando ele não só a traiu, mas também seu ex-parceiro de banda Ringo, ao ter um caso com a mulher do músico, Maureen. Outro motivo que ajudou a levar seu casamento à ruína foi a ligação com o hinduísmo desde os anos 60, isso o levou a um estado psicológico um tanto conturbado, pelo menos com relação à convivência com outras pessoas, Paul chegou a afirmar em uma entrevista que Harrison foi o segundo a largar a banda, devido a sua atual onda de misticismo. Tinha em sua mansão um templo, onde ficava horas e horas sem contato algum com sua esposa. 
Por outro lado essa relação com a religião rendeu muitos pontos positivos, Harrison com sua simplicidade de gênio, foi um grande dissipador do conhecimento hindu influenciando amigos e fãs (época da beatlemania), divulgou muitos instrumentos como a sitar e também o movimento Hare Krishina. Junto com Ravi Shankar organizou o maior evento beneficente com este porte, o The Concert for Bangladesh, (vídeo de “Something” no evento http://www.youtube.com/watch?v=2ZT1RhZHyI8) foi assistido por mais de 40.000 pessoas e teve participação de vários astros do rock/jazz/blues, como Eric Clapton, Ringo Starr, Billy Preston, Leon Russell, Bob Dylan e o grupo Badfinger. De todos os ex-Beatles convidados, só Ringo Starr compareceu no evento. Paul MacCartney justificou sua ausência afirmando que achava muito cedo reunir a banda novamente e John Lennon não compareceu porque o convite feito a ele não incluía sua esposa Yoko Ono. Aliás, muitos foram/são os rumores de que ela teria sido um dos motivos principais que levaram ao fim da banda. Após o casamento com o beatle, Yoko o acompanhava em todos os lugares, shows, ensaios, gravações, etc. Se foi companheirismo ou não, os outros integrantes consideraram tal comportamento desgastante para a banda. Enfim, possivelmente ela não foi o pivô, mas foi fundamental para levar ao fim algo que já estava terminando visto a competitividade entre Paul e Lennon pela liderança do grupo após a morte prematura de Brian Epstein. 
Foi cogitada a ideia dos Beatles se organizarem e voltarem a tocar em um show que seria realizado no fim do ano de 1974, este foi o período de conflitos conjugais entre John e Yoko que ficaram separados, ambos combinaram passar 1 ano e meio sem se ver, ele na Califórnia e ela em Nova Yorque, posteriormente, Lennon começou um relacionamento com sua assistente pessoal, May Pang. Segundo a biografia 'Paul McCartney: A life', de Peter Ames Carlin, foi o próprio Paul que indiretamente fez com que o reencontro não ocorresse ao contar para John que teria visto Yoko, e que ela havia desabafado que gostaria de voltar a viver com seu marido, tempos depois ambos voltaram a viver juntos e o reencontro da banda nunca ocorreu. 
Mas, voltando para a intrigante canção Layla, através de algumas pesquisas descobri que também existe uma teoria da conspiração que revela ser esta uma música amaldiçoada, há indícios de que várias mortes e tragédias ocorreram durante sua gravação, vejamos quais foram os azarados envolvidos: 
- Primeiro fato trágico que ocorreu foi a música ter vendido minimamente após seu lançamento e ter recebido diversas críticas, fazendo com que o estado emocional do guitarrista Eric Clapton despencasse e se refugiasse ainda mais no mundo das drogas. 
- Outro grande choque foi Jimi Hendrix (1º melhor guitarrista conforme a Revista Rolling Stone Brasil) morrer 8 dias após a gravação de uma triste versão de "Little Wing" que foi colocada no álbum “Layla and Other Assorted Love Songs” dos Dominos, em setembro de 1970 em homenagem ao músico. 


- O guitarrista Duane Allman (9º melhor guitarrista conforme a Revista Rolling Stone Brasil), não era diretamente ligado a banda, porém, teve importante participação na gravação do disco e um ano depois morreu em um acidente com sua moto Harley-Davidson (outra lástima) chocando-se com uma caminhonete. 


- O baterista Jim Gordon (um dos melhores) que compôs a música juntamente com Clapton, se tornou alcoólatra e usuário de heroína e começou a sofrer de esquizofrenia aguda, reclamava que ouvia muitas vozes, inclusive a de sua mãe e em 1983 veio a assassiná-la brutalmente com marteladas na cabeça, foi condenado a uma pena que varia de 16 anos a prisão perpétua. 


- O baixista Carl Radle, devido ao abuso de bebidas alcoólicas e narcóticas veio a morrer de insuficiência renal nos anos 80. 


- O guitarrista Bobby Whitlock, felizmente teve sorte em não ser afetado pela maldição, mas teve uma briga feia com Eric Clapton e nunca mais voltaram a tocar juntos, se reencontraram somente em 2000 quando ambos apareceram no programa da BBC, no final das contas nem chegou a alcançar o estrelato, apesar de suas composições serem tocadas por vários astros.


Algumas composições são cheias de curiosidades e mitos, a canção “Angie” dos Rolling Stones, por exemplo, é uma delas, há boatos de que Mick Jagger compôs para Angela Bowie, ex-mulher de David Bowie, com o intuito de lhe pedir desculpas, mas afinal, por quê? Segundo ela, após voltar de uma viagem, teria encontrado os dois músicos peladões e deitados na cama, poderiam apenas ter pegado no sono devido ao consumo excessivo de álcool e de drogas, porém, através de uma declaração feita no programa de TV “The Joan Rivers Show” ela afirma: "Eu peguei ele na cama com homens diversas vezes. De fato, a melhor vez que eu o peguei na cama foi com Mick Jagger." e ainda "...quando eu entrei no quarto e vi Mick e David juntos, eu tive certeza absoluta que eles estavam transando. Era tão óbvio, na verdade, que eu nem mesmo considerei a possibilidade de eles não estarem transando... Eu não tive que procurar por tubos abertos de K-Y gel". Angela nunca confirmou ter visto realmente o ato sexual. Sendo ou não a verdadeira musa inspiradora da canção, com certeza é uma das mais belas compostas por Mick Jagger e Keith Richards. 


Quem nunca ouviu falar da lenda pinkfloydiana da famosa relação entre o álbum “The Dark Side of the Moon”, lançado em 1973, com o filme “The wizard of Oz” (O mágico de Oz)? Muitos fãs já sabem do que eu estou falando, mas para aqueles que nunca ouviram falar da curiosa história, aí vai uma prévia. 
Surgiu uma lenda nos anos 90, de que o álbum foi todo gravado para corresponder com frases e com a maioria das cenas do filme, há uma sincronia ao começar a tocar as músicas do álbum no 3º rugido do leão da MGM do início do filme, os membros da banda Pink Floyd insistem em dizer que tudo não passa de mera coincidência, numa entrevista dada por David Gilmour, ele nega toda a história e ainda comenta: “Algum cara com muito tempo livre teve essa idéia de combinar O Mágico de Oz com The Dark Side of the Moon“. O efeito da simultaneidade das obras foi batizado com o nome “Dark Side of the Rainbow” ou ainda “The Dark Side of the Oz”. 

Confiram algumas “coincidências” entre as obras: 

. Na capa do álbum The Dark Side of the Moon há um triângulo e nele passa um feixe de luz, inicialmente branco e ao atravessar se torna colorido, para os entusiastas, é uma referência feita pelo fato do filme começar preto e branco e terminar a cores. 

· "Look around" ("Olhe ao redor") - Dorothy olha ao redor 

· "And all you touch and all you see" ("Tudo que você toca e tudo que você vê) - Dorothy segura o braço de um do personagens. 

· "Dig that hole" ("Cave o buraco") - o fazendeiro aponta para o chão. 

· "Balanced on the biggest wave" ("Balançar-se na maior das ondas") - Dorothy se balança em um muro. 

· "Share it, fairly" ("Compartilhe, generoso") - um Munchkin (anão) dá flores para Dorothy. 

· "Moved from side to side" ("Se moveram de um lado para o outro") - os Munchkins correm de um lado para outro quando surge a Bruxa Má do Oeste. 

· "Black and blue" ("Preto e azul") - quando é dito "black", a bruxa aparece com sua roupa e chapéu pretos, e quando é dito "blue" aparece Dorothy com sua roupa azul. 

· "home…home again" ("casa…casa de novo") – Quando o Professor Marvel tenta convencer Dorothy a voltar para casa, inclusive na entrada da casa dele consta uma placa com seu nome que abaixo diz “prevê passado, presente e futuro” e a canção correspondente a cena se chama “Time”. 

· Os sons de relógios na introdução da música “Time” começam a tocar assim que Elvira Gulch aparece de bicicleta, e cessam assim que ela desce da bicicleta. 

· A linda voz de Clary Torry começa, e é como se estivesse marcando o momento de desespero de Dorothy em meio a um furacão, e só cessa quando a casa para de girar e “aterriza” ao chão (é de arrepiar). 

· Quando Dorothy abre a porta de sua casa, momento em que o filme passa a ficar colorido, inicia a música “Money”, é incrível a sincronia da cena, pois minutos antes ela desabafava com o Prof. Marvel que adoraria conhecer as cidades, sonho de muitos camponeses da época, juntamente com o dinheiro, é claro. 

· No momento em que Dorothy encontra o espantalho, ele lamenta a falta de um cérebro e diz ser incapaz de espantar até mesmo um corvo, quando ele começa a cantarolar uma das canções da trilha sonora do filme chamada “If I only had a brain” (Se eu ao menos tivesse um cérebro), na seqüência começa outra canção do álbum chamada “Brain Damage” (Dano Cerebral, algo relacionado à loucura, piração) assim que ele começa a dançar todo desengonçado a música inicia com a frase “The lunatic is on the grass” (O lunático está no gramado). 

· No final da canção “Eclipse”, ocorre uma das mais fantásticas “coincidências”, na cena em que o homem de lata lamenta não ter um coração e pede que Dorothy bata em seu peito para ver quão oco é, ela bate e encosta seu ouvido, com a intenção de ouvir algo, é quando a referida canção chega ao fim e encerra com batimentos cardíacos. 

Lenda urbana ou não eu aconselho as duas obras, tanto o filme quanto o álbum do Pink Floyd, que inclusive foi/é considerado uma verdadeira obra de arte.

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