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Dilma, o veto e as mentiras 
A presidenta Dilma Rousseff anunciou, neste último final de semana, seu veto parcial ao Código Florestal. Na prática, a presidente do “Brasil de Todos” piscou para as ONGs internacionais que bolaram a campanha “Veta Tudo, Dilma”, que percorreu a Internet. Nos vídeos, artistas de tevê apresentaram números e mais números sobre a aparente crueldade do texto, que segundo eles, estaria isentando desmatadores e destruindo a imagem do país perante a comunidade internacional, coisas que nunca constaram do texto aprovado. Mas, para quem não está atento aos meandros do debate, se de um lado estão deputados e senadores de um Congresso impopular, e do outro estão Camila Pitanga, Wagner Moura, Luciano Huck e até o Chico Bento (?), quem parecerá ter a razão? 
Apesar de ter escolhido o lado falacioso do debate, nem assim Dilma conseguiu agradar a turma do Greenpeace e do WWF, que já denunciam a presidente por não ter vetado o texto integralmente. Não satisfeitos em atropelar o Legislativo, agora pretendem substituir o próprio Poder Executivo. Ignora-se, por exemplo, o fato de que o Brasil possui a maior cobertura vegetal e a maior área preservada dentre os países em desenvolvimento, e que o novo texto do Código Florestal não será responsável pela derrubada de um só pé de jacarandá que seja. O que o texto faz é reconhecer o uso agrícola das áreas já consolidadas, e manter a preservação daquilo que está – e deve permanecer – intocado. 
O “agronegócio”, não é de hoje, está na alça de mira dos intelectuais de esquerda e de seus aparelhos na mídia, no governo, no Ministério Público. A PEC do Trabalho Escravo, da forma como está, será apenas mais um instrumento para satanizar os produtores rurais, porque nem mesmo define o conceito de trabalho escravo. Bastará que o produtor não conheça uma das 292 exigências do Ministério do Trabalho para o trabalho no campo, para que seja acusado de estar submetendo trabalhadores rurais à escravidão. Na prática, o produtor fica a mercê do arbítrio dos fiscais, que se tornam uma nova polícia de costumes, á moda dos regimes totalitários. 
O produtor rural e o homem do campo, vistos com odioso preconceito por uma esquerda predominantemente urbana, consegue fazer do Brasil um campeão mundial da produção de alimentos com apenas 27,7% do território nacional, do qual 61% é coberto com vegetação nativa. Da produção rural brasileira, 70% fica no país e apenas 30% é exportada, gerando para o país um superávit de 77 bilhões de dólares ao ano. Nos anos 70, o brasileiro destinava mais de 40% de sua renda pra comprar feijão do México, arroz da Indonésia, carne da Argentina. Em apenas 30 anos, o campo deu um salto de desenvolvimento, preservando o meio ambiente. Um veto total do Código expulsaria centenas de pequenos produtores ribeirinhos no Estado do Acre, por exemplo. Mas quem se importa com eles, se a Camila Pitanga aparece no vídeo pedindo pra presidente vetar? 
Dilma piscou para o WWF e o Greenpeace. O mais irônico de tudo isso, é que justamente o atual governo, presumidamente de esquerda, faça o jogo de organizações imperialistas, sediadas em países que competem com a agricultura brasileira. Mas o agronegócio nacional continuará sendo o mais competitivo do mundo. Apesar do veto e dos eco-radicais. 

Tarso Francisco Pires Teixeira 
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel 
Vice Presidente da Farsul

2 comentários:

  1. O autor parece esquecer que a Presidenta não pauta suas decisões por opiniões de uma casta.
    Ela tem compromisso, tb, em assegurar um meio ambiente equilibrado, direito constitucional.

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  2. Prezado José Ricardo:

    Não se trata aqui de "opiniões", nem tampouco provenientes de uma "casta", termo evidentemente pejorativo, usado apenas pra tentar desqualificar os argumentos. Estamos lidando com os fatos. Apesar da maciça propaganda negativa feita em redes sociais, o texto do Novo Código Florestal não ameaça, de forma alguma, a preservação e o combate ao desmatamento. Quem tiver lido o texto com atenção, sabe disso, o que me faz perguntar se o nobre advogado ao menos leu uma vez o texto todo.

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