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Descoberta de fósseis de dinossauros em Agudo abre novos estudos

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) descobriu um conjunto de fósseis que pode ter mais de 225 milhões de anos de idade em um local no interior do município de Agudo, na região central do Rio Grande do Sul, a cerca de 270 Km de Porto Alegre. A descoberta vai abrir novas frentes de pesquisa paleontológica e teve grande repercussão na mídia.
Os pesquisadores liderados pelo professor Sérgio Dias da Silva estão retirando e acondicionando os blocos de rocha que contém os fósseis em um contêiner especial que pode chegar a pesar mais de duas toneladas, o que é um recorde em termos de achados de fósseis no Brasil. A descoberta científica foi feita no dia 12 de novembro de 2012, em uma propriedade na Linha das Flores, a oito quilômetros do centro da cidade.
O agricultor Dilo Wachholz, dono da propriedade, e o pedreiro Olimpio Neu, que prestava um serviço ali, encontraram elementos estranhos aflorando junto a rochas no solo da propriedade localizada na Linha das Flores. Após o contato com a equipe, o trabalho começou com uma visita ao local para verificar os informes iniciais. A checagem mostrou algo promissor e a área onde estão as rochas ganhou outro status - o de local de pesquisa paleontológica: 
- Em Agudo existem dois sítios já conhecidos pela comunidade científica, mas este é um sítio inédito, ninguém nunca havia ido até esse local - conta o professor Sérgio.
A coleta do material deve prosseguir por mais alguns dias, por conta das dificuldades do clima e de acesso, além da necessidade de material para o acondicionamento adequado. Os procedimentos de coleta exigem força e minúcia, com uma mãozinha da tecnologia:
- Normalmente, fazemos pré-avaliações do local usando o Google Earth. Isso é para ter uma idéia prévia dos locais antes de sair a campo. Quanto ao trabalho no campo, usamos marretas, talhadeiras, picaretas, pás de corte, pincéis de variados tamanhos, resinas de variados tipos, curetas, pipetas, cesso, juta, arame, e outros - detalha Sérgio.

Os fósseis achados
Segundo o pesquisador, os fósseis são aparentemente de três dinossauros primitivos da mesma espécie e tamanho, herbívoros e com o tamanho aproximado ao de um avestruz adulto. A idade estimada é de cerca de 225 milhões de anos, ou seja, do período Triássico. Um dos fósseis está com praticamente todos os seus ossos articulados, o que é muito difícil de acontecer em descobertas desse tipo – segundo o professor Sérgio, nenhuma das descobertas válidas de dinossauros feitas no Brasil está tão completa quanto esta.
A retirada será feita com o apoio de um caminhão com muque, cedido pela prefeitura de Agudo. O contêiner será levado para o Campus São Gabriel da UNIPAMPA, onde os fósseis serão estudados nos próximos anos. As condições de retirada também dependem do clima, que pode retardar a operação. Para a chegada ao Campus São Gabriel, será necessário o uso de uma empilhadeira cedida por uma empresa local e a desmontagem de algumas divisórias para a passagem da carga.

Estudos vão ser intensos
A equipe de pesquisa inclui cinco alunos de graduação dos cursos de Ciências Biológicas e de Gestão Ambiental e dois de mestrado, e eles tem bastante trabalho pela frente. Ainda não é possível saber se os fósseis indicam uma espécie inédita de dinossauros. O professor Sérgio explica que mais detalhes dos fósseis só poderão analisados depois da preparação do material, ou seja, da retirada da camada de rocha que recobre cada fóssil, que será feita no Laboratório de Paleobiologia da UNIPAMPA, em um processo que pode levar até dois anos.
Depois de pronto o material, a fase de estudos propriamente dita pode durar mais alguns anos – a estimativa total de trabalho com o material é de cinco a sete anos. Pelo ineditismo, a expectativa é de que o material forneça dados suficientes para diversas pesquisas de graduação e pós-graduação, incluindo doutorado, e publicações em revistas científicas de reconhecimento internacional na área da Paleontologia.
Após a fase de estudos, os fósseis já tem destino certo: o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica na Quarta Colônia (o CAPPA), de acordo com convênio existente desde 2010. A UNIPAMPA vai ficar com réplicas em alta resolução em resina para estudos posteriores. Com isso, além da ampliação do saber a respeito da fauna pré-histórica da região, as localidades próximas também se beneficiarão do turismo, uma vez que a Quarta Colônia mantém uma Rota Paleontológica, por conta dos achados de fósseis em outras cidades do entorno.

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