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Coluna do Beraldo

Beraldo Lopes Figueiredo
Colunista do blog

As tragédias 
Elas não são rotinas, mas são pontuais, aqui, lá, acolá. Não existe ano sem uma delas, sempre presentes num ponto do planeta. 
Terremotos, maremotos, tempestades, inundações, secas, incêndios, suicidas malucos, homens bombas, etc. 
As tragédias são encontros marcados com a humanidade. Sempre acontece em algum lugar do mundo. Só percebemos o quanto são terríveis quando ela visita nosso lar. Tragédias coletivas, tragédias pessoais, todas são naturais, porque fazem parte da vida. Porém, quem a vive, jamais aceita, que ela com sua mão pesada, sem dó, sem compaixão, leve com ela, gente da gente. 
O que deixa uma tragédia quando visita uma cidade, uma pessoa? 
Além da terrível dor, além do roubo de vidas, de bens, da fé de tanta gente. As tragédias nos ensinam a arte de superar. Não falo de Deus, pois esse certamente teria uma resposta mais sábia, que essas simples palavras. Deus, no meu conceito, não se mete no destino do planeta, nem no nosso. Ele foi generoso, quando nos deu uma casa terrena, um corpo de carne, um espírito para que vivêssemos por conta própria nossa sina, para que crescêssemos pelas próprias decisões. Um pai deseja que seu filho seja independente, que saiba resolver seus próprios dilemas, que saiba lidar com a própria dor. 
Penso que uma tragédia, não é um acontecimento ao acaso, ela é um elemento posto no nosso caminho, para que possamos ser tão grande quanto ela, ou até maior e com o passar do tempo, possamos olhar com saudade daquilo que nos foi arrancado, e dizer. Viu, tragédia, tu não me derrubaste, estou aqui, consegui transformar o amargor de uma perda, numa saudade doce. 
Penso assim, até porque minha filha deu um sorriso, e depois morreu me olhando, apertando minha mão, depois afrouxou, o olhar apagou... Depois chorei todo o rio da minha alma, me lembro de que entrei num quarto escuro daquele hospital enorme e lamentei minha sorte numa dor sem fim. Hoje, sempre quando penso nela, me vem um rosto sorrindo, uma doce e terna lembrança. 
Tragédias, são assim, podem machucar, podem ceifar, podem aleijar, podem quase nos matar, mas jamais, ela irá tirar de nós a esperança. 
Ah! A esperança pode ser um sonho distante, pode ser uma utopia, mas ela é intocável, está acima dos dissabores humanos, a esperança de uma mãe, de um pai, de um avô, avó que perderam sementes que cultivariam sua descendência, pois é a ESPERANÇA o alimento da nossa alma. 
Podem todos esperar que num dia, numa hora marcada, no entardecer da vida, na hora da nossa morte, levaremos conosco a esperança de encontrar no outro lado do rio, aqueles que as tragédias nos levaram. 
Se isso for verdade, será maravilhoso, se por acaso não for, passei a vida docemente pensando nisso. Porque mais triste seria, se achasse que nunca mais, que jamais, que perdi para sempre. Isso me transformaria numa estátua de Sal, porque passaria a vida olhando sempre para trás só vendo a destruição, tal qual a mulher de Ló em SODOMA E GOMORRA. Não olhe para trás, siga em frente, serenamente cumpra o seu destino. 
Uma coisa Deus deu para cada espírito encarnado. Uma cruz capaz de ser suportada. 
Pensem nisso, até a próxima...

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