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O que esperar do próximo Presidente?

O ano de 2013 vai chegando perto do seu final, e a inevitável antecipação do debate relativo às eleições presidencias do ano que vem, vai tomando dimensões cada vez maiores em nosso noticiário político. A candidatura da presidente Dilma à reeleição foi oficialmente lançada por seu partido, com a provável reedição da aliança com o PMDB. A oposição tradicional busca inovar com o senador Aécio Neves, que já se apresentou ao eleitorado em programas de televisão. Uma aliança de antigos aliados do atual governo busca romper a polarização PT-PSDB com uma nova “terceira via”, capitaneada pelo governador pernambucano Eduardo Campos, recentemente turbinado pela ex-senadora Marina Silva. Há ainda outros nomes que a mídia chama de “nanicos”, mas que terão seu papel nestas eleições. Na extrema-direita, surge o pastor Everaldo Pereira do Partido Social Cristão (o mesmo do polêmico Marco Feliciano), com uma plataforma centrada na família para o eleitorado cristão mais conservador, e na extrema-esquerda, o P-Sol ainda decide entre o senador amapense Randolfe Rodrigues e a ex-deputada gaúcha Luciana Genro. De qualquer forma, as eleições do ano que vem, que coroam o mais longo período plenamente democrático da história republicana (29 anos desde 1985), devem provocar uma indagação: o que esperar do próximo Presidente da República?

O campo fez esta pergunta no ano de 2010, quando a Confederação Nacional da Agricultura promoveu, em Curitiba, uma ampla discussão entre todas as federações agropecuárias brasileiras. Tive a honra de participar do grupo de trabalho que formatou as aspirações do setor, e pode-se dizer que, salvo algumas alterações pontuais, a mesma plataforma daquela época ainda está por ser alcançada. O setor que tem evitado o desastre completo na macro-economia nacional e que transformou o Brasil em campeão mundial de produção de grãos e maior fornecedor de proteína animal do mundo, é modelo de competência “da porteira pra dentro”, mas ainda sofre com as deficiências estruturais “da porteira pra fora”. Hoje, o produto agrícola brasileiro já não pode mais ser classificado apenas como matéria-prima, pois agrega um grande investimento em pesquisa científica, tecnologia e aprimoramento, tanto nos grãos quanto em qualquer segmento das carnes. 
A absurda debilidade logística é um desafio que reclama atenção prioritária. O caos vergonhoso das estradas, portos e aeroportos, sem falar na absoluta inexistência de políticas públicas para outros modais (ferrovias e hidrovias), causam embaraços que nenhum outro país com forte produção agrícola enfrenta. Acrescente-se a isso a permanente insegurança jurídica quando o direito constitucional da propriedade é solenemente ignorado frente às invasões e esbulhos possessórios, e o único sistema tributário do mundo que taxa custo de produção. Há, sim, avanços importantes no cenário atual, como uma maior disponibilidade de crédito agrícola e a diminuição dos juros a índices históricos. Mas o campo, como setor estratégico da economia, ainda prescinde de uma atenção adequada.
Alguns podem alegar que ainda é cedo para discutir. Pois é justamente nesta hora que a sociedade deve definir, de antemão, suas prioridades para deixá-las bastante claras a um ambiente político que fala muito, mas ouve pouco. Que o Brasil fale aos candidatos o que espera deles, porque em breve só eles terão espaço para falar… e muitos, ainda, nem sabem direito o que dizer.

Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul

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