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Textículos do Mário Mércio

Mário Mércio
Escritor e colunista do site

Perdão oficial
Aprendi desde cedo, a compreender e perdoar. É o ensino religioso que nos trás paz à alma. De vez enquanto, por muito compreender, se torna difícil perdoar, porém sempre se arranja um jeitinho quando se quer mesmo... Outros dizem que perdoar é para os santos, mártires e para as mães, pois de uma lágrima delas nasce o perdão.
Agora que passou a semana 50º Aniversário do golpe militar de 64 dá para abordar o assunto sem que ninguém pense que se está cavando trincheira, já que alhures ainda segue polarizada a discussão.

Foi interessante e até emocionante assistir pela TV o Ministro da Justiça pedir PERDÃO por dever constitucional aos atingidos pela ditadura. É isso que se chama democracia!
Não são sós essas brutalidades citadas pelo ministro que merecem a desculpa OFICIAL, mas todas as BRUTALIDADES.
Há uma ironia nesta desculpa oficial, uma contradição que alguns nem notaram.
Desde o início da república até hoje, a VIOLÊNCIA REPRESSIVA tem sido um problema que nos esforçamos para resolver, digo nós, porque fui da segurança pública deste estado por 30 anos.
Houve e ainda há muitos presos inocentes, sem razão de estarem confinados em prisões prá lá de superadas e desumanas e alguns, envergonhados, até já se suicidaram nas celas, nós do sistema penal sabemos disso. Também há pessoas morrendo nas filas de hospitais, crianças nascendo no piso frio e sujo das ruas, outros morrendo sem conseguir um leito e sem nenhum atendimento médico e outros com imensa dificuldade de enterrar seus entes queridos, num país que diz ser autossuficiente em petróleo e de enorme dimensão, tido como rico. 
E por serem pobres, miseráveis, não merecem o perdão oficial, mas aos que morreram nos porões da chamada “ditadura”, pessoas mais aquinhoadas, esses merecem. O jornalista André Moraes aborda este tema com suave crítica e o faz com toda a razão.
E as vítimas inocentes de hoje, não acham que elas merecem mais atenção, cuidados e assistências como cidadãos desta pátria auriverde?
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