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Refugiado chileno busca ajuda em São Gabriel

Chileno Alejandro Yañez tem documento provisório da PF, mas vive sem um lar fixo
Foto: Felipe Oliveira
Um refugiado chileno procurou a prefeitura e a Câmara de Vereadores de São Gabriel para pedir ajuda. Alejandro Hernan Muñoz Yañez, 51 anos, está no município há cerca de 40 dias, morando em um hotel da cidade às custas da Secretaria de Assistência Social e do auxílio de gabrielenses. Como o prazo de permanência no hotel estava se esgotando, ele buscou apoio do Legislativo.
"Ele conta que a família dele foi perseguida e assassinada no Chile. Nós não temos o que fazer porque o município não participa de nenhum tratado internacional para acolher refugiados", destacou o procurador jurídico da Câmara, Paulo Antônio Oliveira.
Alejandro afirma ser médico veterinário e engenheiro agrônomo e apresentou documentos, como passaporte e uma identidade provisória de estrangeiro fornecida pela Polícia Federal de Bagé em 25 de maio deste ano. A agente federal Jaqueline da Silva, do Departamento de Imigração da PF de Bagé, que assinou a permanência provisória, confirma a veracidade do documento. Ela explica que o chileno encaminhou, em 2015, pedido de refúgio no Comitê Nacional para Refugiados (Conare), órgão do Ministério da Justiça. A cada ano, ele tem o documento renovado, que foi o que ocorreu em maio, na PF de Bagé.
"Ele tem uma autorização provisória, com renovação anual, e está aguardando uma decisão do Conare, que pode deferir ou indeferir. Ele está legal no Brasil", diz Jaqueline, sobre o pedido de permanência definitiva em terras brasileiras.
Ela conta que Alejandro apareceu na Delegacia acompanhado de um defensor público de Bagé e ressalta que repassou todas as informações para o chileno resolver sua permanência no país, uma vez que o Brasil assinou um tratado que acolhe refugiados de outros países do Mercosul. No entanto, Alejandro teria recusado essa possibilidade.
Em São Gabriel, ele chegou a ser encaminhado para um assentamento do MST, mas não teria se acertado e retornou.

DESTINO INCERTO
Alejandro contou, na quarta-feira, que procurou "asilo político" no Brasil porque sua família, moradora da região da Patagônia chilena, foi assassinada por agentes políticos. Ao procurador da Câmara gabrielense, Alejandro disse que a perseguição política se deve ao fato dele administrar um perfil no Facebook da comunidade "Resistência Mapuche", uma organização que reúne povos indígenas da região Centro-Sul do Chile e que disputam terras que pertenciam a seus ancestrais. 
A vice-prefeita e secretária de Assistência Social de São Gabriel, Karen Lannes (SD), explica que ao chegar à cidade, Alejandro foi encaminhado ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), onde recebeu orientações e auxílio necessários. 
"O município está pagando hotel, almoço, café e janta para ele para não deixá-lo sem assistência", diz Karen, ressaltando que a prefeitura não tem instrumento legal para acolher refugiados.
Como o tempo de estadia no hotel expirou na quinta-feira, quando ele foi comunicado que teria de deixar o estabelecimento, o destino de Alejandro é incerto. Ele poderá ficar na rua ou aceitar ser encaminhado para algum abrigo até que sua condição seja resolvida em definitivo. Por enquanto, ele continua frequentando a Câmara gabrielense, que disponibilizou um computador com acesso a internet para ele se comunicar com amigos e familiares.

Fonte: Diário de SM

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