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Depressão: Conheça histórias de pessoas que lutam ou venceram esta doença silenciosa

Nunca se falou tanto de saúde mental, especialmente de depressão. O transtorno estampa capas de revistas, é assunto de telejornal e debatido em posts nas redes sociais. A extensa discussão em torno da doença aflora a sensação de que há uma epidemia em curso.
Nesta semana, em São Gabriel, a doença levou um jovem querido por toda a comunidade gabrielense.
Em um relatório apresentado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) revelou que a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo, quase a população dos Estados Unidos. No Brasil, os números chegam a 11,5 milhões. Em 2030, ela será a doença mais comum, de acordo com o órgão.
Realmente, a discussão em torno da depressão é maior e mais complexa hoje. Várias celebridades expuseram que já lutaram uma batalha contra a doença, do youtuber Whindersson Nunes à cantora Adele, passando pelo ator Jim Carrey.
A redação do Coluna Ponto de Vista ouviu algumas pessoas que lutaram ou lutam contra esta doença e os relatos são realmente surpreendentes.

23 anos de luta
O auxiliar administrativo Júlio Cesar Vidal Rodrigues conta que lutou contra a depressão por 23 anos.
"Fui dependente químico por 23 anos e com isso também tive depressão e pelo amor de Cristo fui liberto", conta Júlio que hoje se diz totalmente curado. "Quando Deus cura não há recaída", conta.

A perda da irmã
A autônoma Vanusa Moreira da Silva conta que a depressão é uma dor imensa no coração. 
"É difícil, você chora, ri às vezes. Você não quer fazer nada, mas tenta levantar, mas nem sempre consegue. Eu tomo remédio para isso, mas eu venci,  porque sempre coloquei Deus na minha vida. Às vezes eu caia, mas pensava: puxa, tenho Deus comigo, tenho minha filha Cyndy (filha única), tenho minha família. Não foi fácil não, mas estou aqui hoje firme e forte. Deus é a cura se você tiver fé", conta Vanusa que há 6 anos perdeu a irmã em função da doença.

A depressão de Luciana começou com a perda do avô
A autônoma Luciana Braga conta que se curou de uma depressão que teve início em 2015 com a perda do avô. 
"Em 2015 perdi meu avô, 3 meses depois de adoecer. Foi tudo muito rápido. Sempre fui muito agarrada com ele", conta.
Além da perda do avô, problemas em seu casamento fizeram com o que o quadro só se agravasse.
"Sofri horrores. Comecei a ficar deprimida. Eu encontrava com amigos na rua que falavam que iam me ver e eu falava: mas você estava comigo ontem. Mas não verdade, era só imagens na minha cabeça", conta.
Luciana relata ainda que perdeu 15 kg em 30 dias. 
"Eu precisava cuidar do meu filho. Então, resolvi ir a um psiquiatra que me receitou vários antidepressivos. Eu usei a medicação 15 dias e parei", frisa.
A partir desse dia, ela tomou uma decisão: vou me curar.
Luciana se separou e começou a fazer bolos no pote, salgados e doce.
"Me ocupei com o meu trabalho e a ajudar outras pessoas com este problema. E assim, decidi não me encher de remédio", conta.

Nilda luta há 2 anos contra a depressão

A luta da autônoma Nilda Marques contra a depressão começou há 2 anos.
"Não está sendo nada fácil. Meu esposo tem dia que sofre junto comigo, pois já tentei tirar a vida 5 vezes tomando vários remédios", conta ela que luta contra o pânico e a ansiedade e que agora, quer ajudar outras pessoas nessa luta e vê isso como uma forma de ajudar a si mesma.

A mãe de Alessandra chegou a tomar 20 comprimidos

Do lar, Alessandra Brandão Duarte trava diariamente uma luta contra a depressão grave que assola sua mãe.
"Ela já foi internada 3 vezes. A última foi em maio. Não é fácil para quem tem e para os parentes que sofrem junto por não saber como ajudar a pessoa. Ele têm que  lutar muito e, principalmente, ter muita fé', conta.
Alessandra conta que a mãe chegou a tomar quase 20 comprimidos por dia, hoje, toma 5.
"Todos os dias são de luta, um dia de cada vez, além de muita oração", enfatiza Alessandra que crê que a sua amada mãe em breve possa estar totalmente curada.
Para Alessandra, os locais onde este tipo de paciente é internado, na avaliação dela, precisaria de mais atenção visto, que homens e mulheres são internados juntos e há poucos especialistas atendendo pelo SUS.

A vitória de Brenda
A depressão da jovem Brenda Munhoz começou bem cedo: com 13 anos.
"Eu desenvolvi problemas com ansiedade e depressão por volta dos 13 anos. No começo, não entendia bem o que era, até que fui perdendo a vontade de fazer muitas coisas e perdi a vontade de viver, cheguei até escrever carta de suicídio. Eu cheguei a fazer tratamento com auxílio psiquiátrico por volta de 6 meses, mas eu lidava com muitos problemas internos, que doíam na verdade na alma, e não achava remédio pra isso. Nesse mesmo período eu comecei a conhecer Jesus e entender que o amor dele podia me curar. Depois desses 6 meses, eu não fiz mais uso de nenhum medicamento. Depois 3 anos, hoje eu me sinto totalmente curada, entendi que os problemas que afligem a nossa alma, precisam do toque de Deus, porque só ele conhece o nosso coração e o que sentimos", conta.

O QUE DIZ O ESPECIALISTA?
Em entrevista ao site G1, o psiquiatra Diogo Lara deu algumas dicas que podem ajudar quem tem ou acha que tem depressão.

Tristeza não é igual à depressão - A tristeza é um sentimento comum e natural quando passamos por perdas ou quando as coisas não estão andando como gostaríamos. Ela nos leva a refletir mais e costuma ser passageira. Já a depressão envolve alterações de sono e apetite, dificuldade de sentir prazer, pensamentos muito negativistas, desinteresse, pensamentos de morte, grande esforço para realizar algumas tarefas simples e dificuldade de se concentrar.


Depressão pode ser sintoma de bipolaridade - Se a depressão começou antes dos 20 anos de idade, se você tem altos e baixos de humor, tem muita irritabilidade junto com os sintomas depressivos, é uma pessoa do tipo 8 ou 80 e já ficou acelerada e impulsiva por um dia ou mais, é provável que a sua depressão seja parte de um quadro de instabilidade de humor, também chamado de bipolaridade ou transtorno de humor bipolar. Nesses casos, os remédios que ajudam mais na depressão são diferentes dos antidepressivos convencionais.

Terapia ou medicação? - As medicações são fundamentais em casos graves e, geralmente, úteis em casos moderados. Em casos leves, é discutível se seus efeitos benéficos superam os efeitos adversos. Já a psicoterapia é bastante útil nas depressões de todos os graus. No entanto, é importante escolher terapeutas que tenham expertise em tratar depressão. As linhas de terapia mais indicadas para tratar a depressão são a terapia cognitivo comportamental e terapias de processamento de memórias. Se for possível, o ideal é combinar medicação e terapia em casos moderados e graves.

A depressão pode estar ligada a fatos do passado - Uma história de abuso emocional (ofensas, falta de respeito, comparações…), falta de apoio, amor e carinho na família, bullying na escola, mudanças frequentes, abandono, desilusões afetivas e perdas na infância e adolescência são fatores que aumentam a chance de ter depressão quando adulto. A psicoterapia pode ajudar a reduzir o impacto dessas questões no presente.

O estresse pode levar à depressão? - O estresse crônico pode levar a um quadro de desânimo, ansiedade, irritabilidade e insônia que pode evoluir, sim, para uma depressão.

Alguns alimentos podem melhorar o humor - Apesar de mudanças de dieta em si não serem suficientes para tratar a depressão, alguns alimentos que se mostraram protetores são: chá verde, café (acima de 3 xícaras de 100 ml por dia; mas cuidar à noite para não dar insônia), chocolate (de preferência com alto teor de cacau), cúrcuma, nozes, uma dieta rica em legumes, verduras, frutas inteiras (não o suco de frutas), açaí, mirtilo, kefir e alimentos integrais (não processados). É melhor evitar açúcar e carboidratos refinados em geral. Suplementos à base de zinco (mínimo 15 mg) e magnésio (mínimo 200 mg) também podem ajudar. Em mulheres, 5g diárias de creatina também podem ser benéficos.

Exercício físico pode ajudar na depressão - Pode ajudar bastante se for feito pelo menos três vezes por semana, por 30 minutos, e com uma intensidade pelo menos moderada, como caminhar rápido, corrida ou bicicleta. No entanto, isso pode ser difícil para quem está sem vontade de fazer nada. Por isso, é bom poder contar com alguém para estimular e fazer junto o tipo de exercício que você mais gosta.

Alguns hábitos podem melhorar o humor e combater a depressão - Além de exercícios e alimentação, alguns hábitos e práticas ajudam bastante no humor, como: se conectar com pessoas que você gosta, fazer parte de grupos com um propósito ou ideal comum, cultivar a fé e a espiritualidade, trabalhar em algo que tenha um sentido maior (pode ser como voluntário), praticar a gratidão (anotar 3 coisas simples a agradecer no fim do dia), escrever um diário, reduzir drasticamente o tempo em redes sociais, usar aplicativos de autoconhecimento ou terapia guiada, procurar exercer seus dons e talentos.

O Coluna Ponto de Vista recebeu mais de 30 depoimentos e como não pudemos publicar todos, estaremos nos próximos dias, fazendo uma live em nossa página no facebook, com a participação de um especialista, onde todas as pessoas poderão dar seu depoimento e tirar suas dúvidas. Desejamos à todas as famílias muita força e fé e que tudo dará certo.

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