Protagonismo indígena marca evento acadêmico em São Gabriel e reforça luta por direitos e diversidade

Na noite de terça-feira, 3 de setembro, o Espaço Garden, foi palco da segunda palestra local do evento “Diálogos de Diversidade: Tecendo Redes de Humanização e Conhecimento”. A iniciativa, promovida por universidades da região Sul, reuniu autoridades, educadores, lideranças indígenas e representantes da sociedade civil para debater temas como diversidade, cidadania, meio ambiente e os direitos dos povos originários. 

O evento contou com a colaboração da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), da Universidade Regional do Alto Uruguai e das Missões (URI), da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e do Centro Universitário da Região da Campanha (URCAMP), além do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI). A proposta foi fortalecer o diálogo entre saberes acadêmicos e tradicionais, reconhecendo a importância da educação como ferramenta de resistência e valorização cultural.  

Entre os palestrantes, destacou-se a participação de Vherá Poty Benites da Silva, líder Guarani-Mbyá, cineasta e pesquisador, que compartilhou a trajetória de seu povo na luta pela preservação da língua, da espiritualidade e do território. Sua fala emocionou o público ao denunciar a violência, o preconceito e a invisibilidade enfrentados pelas comunidades indígenas, reforçando a urgência de políticas públicas que respeitem seus direitos. “Nosso povo luta todos os dias para existir. A terra, a cultura e a educação são nossas ferramentas de sobrevivência”, afirmou Vherá Poty. 

A professora Bedatti Aparecida Finokiet e o missionário Roberto Antonio Liebgott também contribuíram com análises históricas e antropológicas sobre o papel das legislações indigenistas e a persistência de ideologias que marginalizam os povos originários em nome do progresso. A solidariedade com outras causas, como a do povo palestino, foi mencionada como parte de uma luta global por justiça e dignidade. 

A mensagem final do evento foi marcada por gratidão e esperança, destacando a importância do diálogo, da escuta e da construção coletiva de uma sociedade mais justa. “Que possamos plantar sementes de amor e caminhar juntos, respeitando as diferenças e fortalecendo nossa identidade”. 

O evento reafirmou o papel das universidades como espaços de transformação social e valorização da diversidade, e deixou como legado o compromisso de continuar tecendo redes de humanização com protagonismo indígena no centro do debate.