Farsul: Um novo ano, um grande desafio
Tarso Teixeira |
A Farsul tem sido o vetor de convergência das principais bandeiras do setor rural desde sua criação em 24 de maio de 1927. Na verdade, pode-se dizer que sua criação foi o ponto culminante de um trabalho que foi iniciado muitos anos antes pelo embaixador, diplomata e estadista Joaquim Francisco de Assis Brasil, gabrielense de nascimento, que em 10 de junho de 1895 criou a Sociedade Brasileira para a Animação da Agricultura, semeando associações rurais nos principais municípios gaúchos, a começar por Pelotas.
Por fim, com o surgimento da Farsul em pleno governo Borges de Medeiros, os produtores de todo o Rio Grande do Sul passaram a ganhar uma voz firme em defesa do campo. Uma das características de seu relacionamento com os poderes públicos, ao longo da história, foi seu caráter propositivo, sempre apresentando soluções, nunca fazendo a crítica pela crítica. Foi assim em 1939, quando a par de condenar o abigeato que era uma praga muito maior do que nos dias atuais, a Farsul propôs a obrigatoriedade do uso de marcas a fogo para identificação do gado.
Foi assim nas décadas de 70 e 80, quando apoiou o pioneirismo dos produtores gaúchos no uso da tecnologia do plantio direto, e no começo deste novo século, quando respaldou o uso dos trangênicos pelos produtores rurais, contra a fúria insensata de organizações ambientalistas que diziam barbaridades da nova tecnologia. Hoje, passados quase oito anos, cientistas reconhecem que o avanço mundial na luta contra a fome não teria sido possível sem os transgênicos. Mas surpreendentemente, a fúria doutrinária continua a ditar os rumos do debate ambiental, ao invés do rigor científico.
Faço esta reflexão sobre os rumos históricos desta entidade, porque entendemos que no ano de 2010 o grande gigante a ser enfrentado chama-se Insegurança Jurídica. Desde a década de 70, com episódios bastante conhecidos nos anos recentes, a Farsul denuncia o terrorismo rural e as invasões, com seus danosos prejuízos para a economia. Na década de 90, empreendimentos rurais como a Fazenda Ana Paula, de Bagé, simplesmente se desfizeram de suas propriedades no Brasil por conta do ambiente instável, e hoje auxiliam no crescimento da economia do Uruguai.
O papel que cabe à Farsul em seus 83 anos é permanecer na vanguarda da defesa do Estado Democrático de Direito, que hoje corre riscos mais sérios do que pensa a maioria. Grupos hoje instalados no poder nacional, mantém certas políticas econômicas favoráveis aos mercados, esperando em troca a tolerância com suas constantes agressões ás liberdades individuais. O rebaixamento ou a normalidade das instituições estão em jogo. E mais uma vez, cabe à Farsul, como em outros momentos históricos, liderar a defesa das leis contra o arbítrio, da institucionalidade contra a anarquia, do progresso contra o atraso.
Mesmo aos 83 anos, a Farsul ostenta a fibra e energia necessária para este desafio.
Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul
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