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Eleições: um debate necessário

Apesar de algumas distorções, a democracia sempre se aprimora, e a cada eleição, o povo envia recados sutis à classe política. Neste primeiro turno de eleição presidencial, não foi diferente. Diante da sofreguidão com que a candidatura do governo tudo fez para “liquidar a fatura” em apenas um turno eleitoral, o eleitorado se alertou e fez a opção por uma nova rodada de discussões. Agora, em condições de maior igualdade, os dois principais projetos levados à apreciação do eleitorado voltam a dialogar com a sociedade brasileira, com a oportunidade de realizar um debate de maior profundidade, que toque em questões de relevância verdadeira para o futuro do país.
Aguardamos que neste segundo turno os candidatos atentem para a necessidade de apresentar ao país a agenda de cada um para a Agricultura brasileira, sabidamente o setor que responde pelos melhores êxitos da economia, sem contudo garantir ao produtor uma justa rentabilidade, apesar de prover ganhos satisfatórios ao comércio e indústria. O país é carente de uma Política Agrícola definida, que leve ao campo mais desenvolvimento científico e menos mistificação ideológica, que divide os produtores na falsa dicotomia de “pequenos” e “grandes”, com a clara intenção de satanizar a agricultura empresarial, justamente aquela que sustenta o bom desempenho da moeda frente ao câmbio garantindo alimento barato na mesa do trabalhador brasileiro.

As soluções que o campo demanda dependem de ações efetivas no campo da segurança jurídica, investimento em logística para o escoamento das safras e correção de assimetrias em acordos internacionais como o Mercosul.No primeiro turno, por conta de uma evidente divisão política no espectro partidário mais identificado com o agronegócio, perdemos a oportunidade de um segundo turno para uma discussão madura dos destinos do Estado do Rio Grande do Sul, e agora o agronegócio gaúcho terá que conviver com um estilo já conhecido, que quando esteve à frente do Estado alimentou franca hostilidade ao agronegócio. E isto por culpa da placidez com que muitos de nós assistimos a tudo acontecer, e de uma campanha política pasteurizada, que simplesmente não discutiu temas como política agrícola, segurança jurídica, as assimetrias do Mercosul e o status sanitário da nossa produção, entre outros fatores.
Quis a Providência Divina que ao menos no âmbito nacional tivéssemos a oportunidade de trazer à luz este debate. E nesta hora não podemos ser tíbios na defesa dos nossos valores. Se não queremos invasões em massa, desmandos e mortes no campo, insegurança jurídica e frouxidão das instituições e da própria democracia, devemos expressar com clareza nossas posições.

Tarso Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul

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