Coluna-Ponto-de-Vista-1

Parabéns aos 40 anos do Sala de Redação

Equipe atual do programa
Foto: Ricardo Chaves/Diário Gaúcho

Há 40 anos uma dúvida permanece no ar entre os aficionados pelo programa Sala de Redação, criado pelo jornalista Cândido Norberto em 1971. Será que tudo o que é ouvido pelas ondas da Gaúcha é verdadeiro? Serão as brigas arranjadas? Os arroubos dos debatedores são sinceros? Ou tudo é um espetáculo roteirizado?
A resposta vem de todos os participantes:
– Não!
É o que garantem o âncora, Ruy Carlos Ostermann, e os participantes Adroaldo Guerra Filho, Cacalo Silveira Martins, Kenny Braga, Lauro Quadros, Paulo Sant'Ana e Wianey Carlet.
– As brigas sempre são verdadeiras! Algumas mais sérias que outras, mas, mesmo quando é sério, não há mágoa nem ressentimento – garante Lauro, no elenco do Sala de Redação desde 1985.

Desde 2003, com a entrada de Guerrinha no programa, o Diário Gaúcho orgulha-se de ter três craques de seu time escalados nesta seleção do rádio brasileiro.

Um mestre no comando
São 54 anos de jornalismo, 33 deles no Grupo RBS - descontados sete do período em que foi deputado estadual e secretário de Estado. Por tanta experiência é que Ruy Carlos Ostermann, 76 anos, comanda o Sala de Redação praticamente desde que entrou no programa, em 1978.
Em março daquele ano, Ruy, que ganhou o apelido de Professor por sua formação em Filosofia, começou como participante, mas pouco depois da Copa do Mundo da Argentina, assumiu a mediação dos debates. Esses quase 33 anos à frente do Sala ficaram marcados na carreira e na vida do leopoldense:
– O Sala é a consolidação da minha relação com o público e com a profissão de jornalista.
Ruy ressalta que a paixão do público pelo programa se deve a vários fatores, mas destaca:
– O que mais influencia é a alta qualidade do ponto de vista jornalístico do programa. Tudo o que se debate ali é apoiado em fatos.

Debates apimentados
A prova que não existe roteiro pré-estabelecido são as cutucadas entre os participantes, sempre em cima de frases do oponente - que, por vezes, abusam da ironia.
Recentemente, Kenny Braga dava seu discurso habitual contra as vendas de revelações dos clubes. Indignado, afirmava que "a cabeça de um jogador pertence a um empresário, as pernas a outro..." – quando foi interrompido por Lauro Quadros:
– Bom, aquela outra parte deixo contigo...
Kenny retrucou:
– Nada disso! Aqui todos sabem que tu é que te interessas por isso...
Uma farpa a que os ouvidos do público já se acostumaram.

Trilha anuncia o Sala no ar
Há anos, os ouvintes não precisam ouvir a voz de Ruy falar as primeiras palavras para saber que o Sala está começando. A vinheta é a senha para quem gosta do programa aumentar o volume.
Conforme o professor, a música foi escolhida na reestruturação da rádio e indicada por ele mesmo a Jayme Sirotsky, que a acatou. A trilha chama-se Menina Certinha e está no disco Impulso, do carioca Eumir Deodato.

Festa do Sala
– O aniversário do Sala de Redação será comemorado às 19h30min, em programa especial no Teatro do Bourbon Country. 
– O evento, restrito a convidados, revive quatro décadas de bom humor, polêmica e paixão pelo esporte.
– A TVCOM transmite, a partir das 20h.
– O Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, será apresentado direto do Bourbon Country, às 20h.
– Confira momentos marcantes do Sala de Redação em um gráfico especial em www.clicesportes.com.br

Já jogaram no time
Vivos 
– Benno Becker
– Cláudio Brito
– Cláudio Cabral
– Ibsen Pinheiro 
– João Carlos Belmonte 
– João Nassif 
– Lasier Martins
– Pedro Ernesto Denardin
– Professor Ribeiro 
– Renato Marsiglia
– Valtair Santos

Mortos 
– Cândido Norberto
– Cid Pinheiro Cabral
– Enio Mello
– Hugo Amorim
– Luís Pilla Vares
– Oswaldo Rolla, o Foguinho 
– Sérgio Moacir Torres Nunes
– Valdomiro Morais

CACALO
O ano era 2001. Cheguei lentamente, contava com a confiança de poucos, por motivos óbvios. Advogado, vinha de ser dirigente de futebol – mas também era radialista.Inseguro, fui pedindo licença aos monstros da comunicação. Pensava quanto tempo seria preciso para me sentir à vontade no maior programa do rádio gaúcho. Quando percebi, concluí que, pela generosidade dos colegas, pela diversidade dos assuntos, pelo nível e pela liberdade dos debates, sentia-me em casa. 
E daqui não saio! Seria óbvio falar em honra pela participação, mas sou feliz, por receber as luzes do Sala. Que venham mais 40 anos!

GUERRINHA
Parece que foi ontem, mas já faz oito anos. Lembro como se fosse hoje como ocorreu. Fui escalado para substituir Kenny Braga nas férias. Aceitei na hora! Era a chance de, pelo menos por 30 dias, trabalhar ao lado das maiores feras do rádio gaúcho, e participar de um programa com audiência no país e no mundo. 
Aproveitei bem a chance. Tanto que acabei efetivado na volta de Kenny Braga. Neste tempo todo aprendi muito. E me diverti muito mais. Aliás, continuo convicto de que o Sala de Redação é o lugar em que precisamos nos divertir todos os dias da semana. E divertir, também, a multidão que nos acompanha.

KENNY
Às vezes me pergunto o que mudaria na minha vida se pudesse interferir no meu próprio destino. E a resposta é simples: nada. Nunca quis ser outra coisa senão jornalista. E meu grande desafio foi aceitar, em 1980, o convite para debater no Sala de Redação. Ao sentar pela primeira vez à mesa do Sala, vi-me cercado de cobras criadas, com incrível rapidez de raciocínio. Prometi-me não desistir. Estava ali para ser um debatedor identificado com meu Internacional, capaz de enfrentar todas as cascavéis que atravessassem meu caminho. E assim firmei-me. 
O Sala é inseparável da minha vida.

Fonte: DIÁRIO GAÚCHO

Um comentário:

  1. Tive a oportunidade de participar pessoalmente do programa em 21/01-2011. Por duas vezes, j´havia assistido ao vivo, ms do lado de fora do estúdio. Falar na Gaúcham sentar-se ao lado desses grandes nomes da comunicação foi, para mim, algo indescritível e inesquecível. Baseado nas três vezes que lá estive (duas como expectador e uma como participante)garanto-lhes que nada é ensaiado. O programa começa no bar da Gaúcha, segue-se no estúdio (inclusive no intervalo)e, ao final eles continuam debatendo corredor a fora. Na primeira vez que lá estive, ao final eu conversava na calçada em frente ao prédio com o Kenny, quando desce o Marsilglia (ex-ábitro e participante) e o Kenny então larga uma corneta no mesmo que devolve. Antes o Wianey e o Santanna tinham saído batendo boca do estúdio. O Sala é o melhor programa do rádio brasileiro, em minha opinião. Um programa imitado, porém nunca igualado. Parabéns á todos participantes, atuais ou não e a nós ouvintes.

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