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Vanusa Amado de Oliveira
Colunista do blog

POLÍTICA DE COTAS: DISCRIMINAÇÃO OU SOLUÇÃO?
A implantação da política de cotas para acesso ao ensino superior público foi implementada com a justificativa de dar oportunidade a grupos raciais/sociais supostamente excluídos no sistema tradicional do vestibular. Leia-se sistema tradicional a seleção pela qualidade/quantidade de conhecimento do candidato em relação aos conteúdos arguidos.
A ideia para uns soa como solução à retórica dos “excluídos” e para outros como penitencia aos mais bem preparados. Esta semana foi divulgada a lista de candidatos por vaga na UFRGS, detalhando o número de candidatos por vaga e por curso, dentro das diferentes formas de acesso criadas pela lei das cotas. Interessante ao observar que ora são prejudicados os cotistas do ensino público, ora são extremamente privilegiados indivíduos auto declarados pretos/pardos/índios com renda familiar igual ou inferior a 1,5 salário/pessoa cito como exemplo o curso de medicina, o mais procurado. Um candidato que não se inscrever por nenhum sistema de cotas, disputará com outros 81 candidatos o acesso a uma vaga, já se auto declarar-se aluno do ensino público com renda superior a 1,5 salário/pessoa terá que disputar com outros 97. No outro extremo um cotista auto declarado preto/pardo/índio participará de uma disputa de 11 candidatos por vaga. Além desta distorção que está sendo constatada na prática, há de se considerar que todos que forem aprovados seja por quaisquer dos subterfúgios terão que obter o rendimento mínimo exigido pelas regras acadêmicas para ser aprovado nas disciplinas e obter o diploma. Ou será que em algum momento criarão notas e médias diferenciadas para que aqueles que entram com uma formação deficiente possam também ser aprovados e exercer a profissão com a mesma competência?
Você preferiria ser atendido por um profissional que foi admitido no seu curso de formação por seus próprios méritos, ou não se importaria de entregar-se aos cuidados de um profissional que entrou (e que talvez saia) pela porta dos fundos? Fala-se o tempo todo que é preciso melhorar o nível de educação pública no Brasil, que é o que não está acontecendo. A política de cotas está se revelando na prática uma medida populista e eleitoreira. Vale lembrar que a instituição Universidade foi criada para desenvolver e treinar mentes brilhantes, com capacidade intelectual acima da media. Em nosso país o acesso à universidade tornou-se uma questão ideológica, disfarçada de política educacional. Ter um diploma pendurado na parede pode ser o sonho de todos, mas não é garantia nem de emprego, muito menos de renda. Existem muitos exemplos de pessoas bem sucedidas profissional e financeiramente que nunca nem passaram na porta de uma universidade. Qualidade de ensino, aumento de renda e diploma universitário necessariamente não andam de mãos dadas.

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