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Coluna do Beraldo

Beraldo Lopes Figueiredo
Colunista do blog

Os Secretários 

Quando Tancredo Neves saiu eleito governador de Minas Gerais, já no período de formação de governo, um político ansioso por um cargo chegou para Tancredo e disse: 
- Governador! A imprensa está falando muito no meu nome como possível secretário de vosso governo, o assédio tem sido grande, o telefone não para de tocar lá em casa. 
Tancredo disse ao político: - Faça o seguinte, diga que eu lhe convidei que insisti muito, mas que você educadamente não aceitou. 
Na verdade, as especulações em torno de um prefeito eleito, são muitas. Eu presenciei um fato na frente da Escola Perpétuo Socorro, um político ligado ao Balbo chegou para o outro, também ligado ao Balbo e disse: - Até agora o Roque não me ligou! – O outro disse: Pois é! Eu espero um segundo escalão. Depois que o primeiro político se afastou, eu me aproximei e disse: - Tá nervoso ele. Veja como caminha para seu carro sem tirar os olhos da Casa do Prefeito eleito. 
O segundo político riu e me perguntou: - E tu Beraldo, o que vai pegar lá? – Respondi: - Nada! Não tenho partido, cargos são para os partidos embora beneficie somente pessoas. 
- Mas tu trabalhaste! – Respondi: - Trabalhei sem compromisso, não fiz campanha de virar voto, o trabalho de pesquisa e coleta de informações é isento você apenas ouve. O trabalho do militante é de formar opinião, mudar a visão do eleitor, é o trabalho árduo do embate. 
O secretariado é a pior etapa de um prefeito, ele contenta 16 e descontenta 200. É quando começa a nascer à rejeição eterna. Ser preterido por outro, mexe com a VAIDADE, e a vaidade humana é uma doença terrível, ela corrói as amizades. Depois alguma secretaria não vai andar a contento, lá vai o prefeito chamar a base, trocar o secretário, outro desgaste. 
Um perseguido político, um rejeitado político, são iguais, embora lide com sentimentos diferentes, o processo interno é o mesmo. Balbo e Rossano, já criaram essas situações, uma militância fiel, uma rejeição fiel, são valores iguais, foram perseguidores, e deixaram parceiros que trabalharam muito para beneficiar amigos mais próximos. Comenta-se que Balbo tem sua turma, Rossano sua clã. Obviamente que o Roque formará seu grupo. 
Eles alegam que esses parceiros são aqueles que amassaram barro, caminharam juntos na árdua tarefa de uma campanha política. Eu entendo que tirando os secretários, todos os outros CC’s teriam que ser trocados por funcionários concursados. Isso acabaria com um exército que saí defendendo cargos, empunhando bandeiras criando uma guerra ferrenha, do outro lado outro exército, querendo esses cargos. 
Somem CC’s, FG’s, cargos emergenciais, nomeações temporárias, empresas terceirizadas e um prefeito candidato a reeleição, já arranca numa campanha com milhares de votos totalmente fidelizados. Por isso a célebre frase: “Não é fácil ganhar da máquina.”. 
Um funcionário antigo da Prefeitura me afirmou que a Prefeitura funcionaria perfeitamente só com a metade dos CC’s. 
Vejam como é grande o orçamento de uma Prefeitura, que consegue sobreviver endividada, pesada, engessada carregando todos esses cabides de empregos. Além das obras superfaturadas, como banheiros com preço de uma casa popular, malversação de verbas, patrimônio público mal cuidado, obras inacabadas, porque foi o outro que começou. 
Voltando ao tema SECRETARIADO, poderia afirmar que nenhum prefeito do mundo deveria confiar neles, mesmo estes sendo os olhos do prefeito, os braços, os auxiliares, o cargo de confiança, o secretário, depende de outros é uma frágil engrenagem, é uma equipe feita de seres humanos, vaidosos, esforçados, preguiçosos, verdadeiros, mentirosos, sinceros, dissimulados, etc. Um prefeito deve CONFIAR DESCONFIANDO, se ele não verificar como anda suas secretarias, ele vai ser engolidos por informações vista de uma visão única, que é a visão do seu secretário, que às vezes, pode estar perdido, escondendo informações. 
Um prefeito não deve se enclausurar e sentar na sua vaidade, confiar nas informações que chega pela imprensa que ele alimenta e pelos secretários, esses tende a agradar demais, inflar o ego do mandatário, dizer que está tudo bem. Raros são aqueles que dizem: “Prefeito o governo não vai bem.”. 
Isso aconteceu com o Balbo, acabou de acontecer com o Rossano. “O uso do cachimbo, é que entorta a boca.”. 
Pensem, analisem, e tirem suas conclusões. Até a próxima!

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