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Enquanto EUA faturam com xisto, Brasil insiste no pré-sal

Combustível barateou custos da energia industrial e animou a economia norte-americana
Nos EUA, a exploração de gás de xisto foi responsável por baratear custos de energia e reabrir indústrias pelo país afora
PUBLICADO EM 05/07/13 - 03h00
RODRIGO FREITAS e Ney Doyle
Até outubro de 1973, poucas eram as pessoas que debatiam ou pesquisavam substitutos do petróleo como combustível. Naquela época, em apenas cinco meses, o preço do barril aumentou em mais de 400%. A crise levou à busca por reduzir a dependência e, hoje, o desenvolvimento de energias alternativas, como o próprio etanol, não para de pipocar mundo afora.
No início da semana, a declaração da OGX de que não teria tecnologia para a exploração do petróleo em três de seus poços, na bacia de Campos, e de que cessaria a produção em Tubarão Azul, causou um baque nas bolsas de valores e na confiança dos brasileiros, além de ressuscitar a discussão: temos tecnologia para tirar petróleo a 6.000 m de profundidade? E essa tecnologia é barata o bastante para que esse petróleo seja economicamente viável?
A extração do gás de xisto, ainda ignorada pelo Brasil, está revolucionando a economia norte-americana. Os projetos em funcionamento mostram que as indústrias lá pagam US$ 2,8 por milhão de BTU (medida de energia), ante entre US$ 10 e US$ 12 por milhão de BTU na Europa e no Brasil. Esse valor foi possível graças à expansão da extração de gás de xisto, notadamente a partir de 2005.
“É mais ou menos um quinto do nosso custo de energia”, disse ontem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. “Isso está relançando a economia norte-americana”. Em 2012, os Estados Unidos foram o país que mais elevou a produção de petróleo no mundo (mais 780 mil barris diários).
O Brasil também tem grandes reservas de xisto. Minas Gerais tem rochas desse material no Sul, Norte e Nordeste do Estado, deixando apenas o Triângulo de fora. Mesmo assim, a prioridade do país ainda é a extração do petróleo em profundidades elevadas.
O próprio Pimentel reconhece que o Brasil tem grande quantidade de gás não convencional, mas que precisa considerar questões ambientais. “Se formos caminhar no sentido de explorar de forma continuada o gás de xisto, temos que avaliar o impacto ambiental, que, me parece, não será pequeno”, disse o ministro, lembrando que a exploração pode gerar danos aos lençóis freáticos.
O professor do curso de engenharia da energia da PUC Minas José Tadeu de Oliveira avalia que investir nas jazidas de xisto pode ser interessante, desde que o retorno seja a soberania do país em relação aos combustíveis fósseis. “Assim, faz sentido. Dominaríamos a tecnologia de exploração”, avalia o especialista.
Novas tecnologias
O geólogo da UFMG Antônio Gilberto Costa garante que os poços do pré-sal foram amplamente estudados pela Petrobras e que já existe tecnologia para a operação. A própria Petrobras informa, em nota, que já são retirados do pré-sal mais de 300 mil barris por dia. A plena operação só se dará no ano de 2020, de acordo com a empresa.
O especialista em geologia da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Jorge Abreu, foi um dos primeiros a culpar a própria equipe da OGX por não avaliar corretamente as características de seus poços. Para ele, “o problema não é técnico, e, sim, geológico”, referindo-se aos diversos compartimentos de petróleo existentes na região, o que necessitaria uma perfuração em vários pontos do fundo do mar.

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