Coluna-Ponto-de-Vista-1

Palavras soltas

Cecília de Assis Brasil Petrarca Figueiredo
Colunista do blog

SAUDOSAS LEMBRANÇAS
Lembro-me das tardes ensolaradas acompanhadas de refrescante brisa na sombra dos cinamomos. Lembro-me das manhãs serenas debruçadas nas coxilhas à espera dos cascos para quebrar-lhes o silêncio de seus próprios sons, emitidos pelo nascer e crescer de pastos. Lembro-me das chuvas de verão, do calor e do clarão enviados pelos raios de sol. Lembro-me de longos dias e do belo arco-íris que se formava no horizonte de um céu do mais puro azul. Lembro-me das noites estreladas, Três marias, Cruzeiro do Sul, Estrela Dalva que exibidas se mostravam no infinito de um mundo despido de cimento, arranha céus, fumaça e outros elementos. Lembro-me da luz da lua iluminando os mais brancos cabelos já visto em minha vida. Aquelas noites cultas onde a sabedoria daquela cabeça prateada e a voz mágica já meio trêmula calava a gurizada com versos de Aureliano de Figueiredo Pinto, Ramiro Barcellos, entre outros. Contos, história de vida, velhos ditames de honra, de postura, de humildade que formaram o melhor da personalidade daqueles netos que o achavam um gênio. Lembro-me da peonada, nem eram poucos, eram muitos. Amigos, companheiros, professores de lida, que a gente respeitava sem a visão de ser peão ou patrão, gente da gente, companheiros que se precisavam e se gostavam na mesma proporção, sem hierarquia ou separação de classes, poder ou qualquer outra discriminação. Lembro-me que era assim bela e simples a vida da campanha; magia, ensinamento, trabalho, amor, poesia e dedicação. Ganância não existia, tampouco consumismo, patronagem, autoritarismo, rivalidade, injustiça ou exploração. 
Lembro-me e me pergunto, onde foi parar tanto lirismo, tanta paixão? Não sei, mas talvez se tenha quedado, junto com os nossos velhos troncos que se foram para outro rincão; completando assim um ciclo onde a vida era sagrada, a natureza respeitada e a lei era a harmonia e a regra era tratar irmão como irmão...
Que pena se foram para sempre estes costumes, mas quem os viveu faz deles prática seja na vida ou no coração...

9 comentários:

  1. Celma Pacheco dos Santos- professora1 de agosto de 2013 às 19:28

    Achei sensacional, a coisa mais linda. Que bela reflexão.

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  2. Sem palavras, divino, uma linda lembrança! Adorei;

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    1. Obrigada Rosangela, que bom que gostaste. É para vocês que escrevo...

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  3. Luiz Carlos Figueiredo3 de agosto de 2013 às 16:35

    lindo demais, emocionante

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    1. Fico contente que tenhas gostado, muito grata pelo carinho!

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  4. joão carlos martins7 de agosto de 2013 às 12:17

    Eu trabalhei lá na estansia com o coronel, me lembro de tdo que a sra tá falando e poço dizer que tdo era bem como a sra fala. gnte muto boa e que até hoje nunca mesquesci de toda bondade e respeitio que tinha por os empregado. A sra é um exemplu.

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