Coluna-Ponto-de-Vista-1

Textículos do Mário Mércio

Mário Mércio
Colunista do Blog

SITUAÇÃO DIFÍCIL 
Ontem, saindo de um Shopping local, fui interpelado por dois homens. Logo comecei a analisa-los, o que me interpelou, de uns 50 anos, rosto alegre e seu acompanhante, mais jovem, na casa dos 25, me olhavam atentamente curiosos, perguntou:-- O senhor é Mário Mércio? 
Não respondi de imediato, aqueles segundos poderiam me ser fatal, dada a minha profissão de guardar presos, nem sempre, sei, fui justo, no afã de acertar, algumas vezes errei, reconheço. 
Por favor, o senhor é Mário Mércio? – repetiu insistente o sujeito mais velho. 
-Não, não sou, quem é esse Mário que procuras? 
-Desculpe-me então, eu procuro um Mário muito parecido com o senhor, mas já faz 25 anos. Sei como é, passou muito tempo.... Desculpe, por favor—pediu e afastou-se. 
-Senhor—gritei. Minha esposa puxou-me: --Vamos, deixa pra lá. Vamos. Não conheces, deixa assim. ( as mulheres são assim, querem nos proteger) 
O senhor me chamou? –perguntou o estranho. 
-Sim, sou jornalista- disse-lhe --Será que posso ajuda-lo a achar esta pessoa? 
-Acho que pode sim – Esta pessoa se chamava Mário. Era agente penitenciário no Presídio de Passo Fundo, isto foi 1989, tinha um cargo de chefia, não sei qual e já eram umas duas horas da madrugada de julho, um frio de rachar, minha mulher ia dar a luz, gritava de dor, meu carro pifou na hora de leva-la ao hospital, nenhum vizinho pode me levar, ai corri até o Presídio Regional, perto de minha casa, atravessei aquele campinho com ela no colo, bati na porta do Presídio, um guarda abriu, pedi-lhe este favor, ele negou dizendo que a viatura era para serviços do Presídio, foi quando apareceu o agente Mário, com cara de sono, pés no chão e como estava, rapidamente abriu seu carro e rápido saímos em desabalada corrida. Em poucos minutos estávamos no hospital, quando o Mariozinho nasceu, bem na entrada.
-Mariozinho? – perguntei. --Quem é ele? 
-Meu filho, este aqui. Sempre quis agradecer e coloquei o nome do menino Mário. 
Olhei para minha mulher que já estava chorando e não pude mentir mais. 
-Moço, me abrace, eu sou o Mário que te levou para nascer naquele hospital. Você sabe como é não dá para a gente estar se identificando assim... O pai dele também veio e me abraçou. Tirou um cartão do bolso e me deu, quer fazer um churrasco para nós na casa dele. É pastor de uma igreja aqui na cidade. UFA! 

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.