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Cezar Skilhan Teixeira
Advogado e Colunista do blog
OAB-RS 70.046
Especializado em Direito Tributário,
Econômico e Financeiro.

Atuante na Área do Direito Militar

LIDERANÇA III 
É com prazer e satisfação que retomamos o tema Liderança. No presente veremos a Liderança Operativa, aquela que acreditamos deva ser exercida por todos que detém nível decisório, quer em empresa pública, quer em empresa privada, quer em empresa particular. Comparativamente ao Exército, por exemplo, seria aquela desempenhada por subtenentes e sargentos mais antigos, ou capitães e majores das Organizações Militares.
Partiremos do princípio que o líder já assimilou os conceitos e bases da Liderança Direta, e que o primeiro ponto importante que deva ser levado em consideração é que sua liderança será exercida dentro do Grande Grupo, onde será preponderante o “coletivo”.  Ou seja, o líder estará trabalhando com determinado grupo de pessoas.
 Pois bem, esses devem se preocupar com a obtenção e manutenção do “moral do grupo”, que será conquistado por meio de atitudes de confiança e de crédito, provenientes do líder para os liderados, e após isso, destes para o primeiro. Para isso, o líder deve aprender e desenvolver em si próprio a coragem física e moral. Esta última ligada à verdade que se traduz em integridade.

O líder deste padrão defronta-se constantemente com pequenos testes de coragem moral no cotidiano de seu trabalho. Distribuição de justiça; tomada de decisões impopulares; aceitação de responsabilidade quando as coisas saem erradas; fechamento de olhos para pequenas quebras da disciplina; são alguns exemplos que o líder possui para treinamento e fortalecimento de sua coragem moral.
Você deve ser um modelo exemplar para os outros. Você não pode pedir aos outros para  fazer nada que você mesmo não esteja disposto a fazer”. (O desafio da Liderança – Kouses e Posner – Ed.Campos – p.223). Veja o leitor que brilhante ensinamento. Remodelaria a frase para: “você não deve determinar aos outros nada que você mesmo não possa fazer”.
O líder deve saber que os seguidores se impressionam mais com ações. Eles esperam que os líderes estejam presentes, prestem atenção e participem diretamente do processo de fazer. O líder deve aproveitar todas as ocasiões possíveis para mostrar seu próprio exemplo, mostrar que possui compromisso inabalável com as aspirações do grupo. Isso lhe trará a credibilidade, o alicerce da liderança.
A receita recomendada é simples: “Faça o que disse que ia fazer”. Se as pessoas vêem coerência nos seus líderes, os seguirão. A frase encerra duas ações que são o “dizer” e o “fazer”. O primeiro se traduz por clareza a respeito de seus valores e o segundo significa colocar em prática suas crenças. Exploraremos alguns instrumentos comuns que poderão, se bem usados, ser de valia aos líderes no exercício de sua Liderança Operativa.
Primeiro deve-se estabelecer rotinas. Por exemplo, todos devem saber que o chefe chegará às 6h 30min, que verificará a limpeza das dependências da loja, o estoque, as vendas do dia anterior, a cozinha, o banheiro, etc... Isto revelará a todos suas crenças e os seus valores.
Outro é fazer dos incidentes críticos oportunidade para colher ensinamentos para si e para os liderados.
Outro é contar histórias. É uma prática salutar e tem boa aceitação. É importante que se tenha uma boa história passada ou presente, para elucidar casos ocorridos.
Fazer perguntas é também um instrumento eficaz. Obrigará o liderado a interagir por meio do raciocínio na busca de respostas, proporcionando o “feedback” (retorno) necessário ao líder.
Recomendamos muito cuidado com a linguagem, principalmente quando se dirigir aos liderados. Procure chamá-los pelo nome, nunca pelo apelido, mesmo que o saiba. Jamais coloque o estereótipo no liderado para não magoá-lo. Use sempre a linguagem fácil, estabelecendo o comprometimento com a Empresa.
Finalmente reconheça o mérito de seus liderados por meio de recompensas.
O ponto focal da Liderança Operativa é o “Compartilhamento da Liderança”. Isto quer dizer que o chefe define “o que” fazer deixando para seus liderados decidirem o “como” realizar. É lógico que a responsabilidade será também compartilhada, cada um atuando em sua esfera de atribuições. O líder assim procedendo, além de proporcionar oportunidade para seus liderados também exercitarem seus atributos de liderança, lhes estará incentivando a iniciativa, a criatividade, o raciocínio, etc...
Na Liderança Operativa é imperativo que tratemos da “autoridade conquistada”, objeto de discussão hoje e de largo uso num futuro não distante. Por isso é que devemos ter em mente novas palavras, tais como “possível” em lugar de “perfeito”; “envolvimento” em vez de “obediência cega”. É necessário o reconhecimento de que uma organização, é formada por pessoas e não conjuntos de recursos humanos. Nas organizações do futuro, títulos e cargos terão pouco peso até que seus detentores provem sua competência. Assim é que prevalecerá a máxima: “toda autoridade precisa ser conquistada antes de exercida”. A propósito desta, Charles Hand, em o “Líder do Futuro”, nos revela três atributos, que conjugados poderão auxiliar o líder nesta árdua tarefa, são eles e que adoto e transmito por acreditar:
- crença em si mesmo, proporcionando a autoconfiança necessária, para caminhar na incerteza e ter de persuadir os outros a seguí-lo, tendo a humildade de aceitar que às vezes poderemos estar errados, que outros também têm idéias e que ouvir é tão importante quanto falar.
- paixão pelo trabalho, transmitindo energia e foco que orientam a organização e atue como exemplo aos demais, sem esquecer que existem outras realidades como a leitura, o passeio, a família etc...
- o amor pelas pessoas, pois numa coletividade, aqueles que causam sofrimento podem ser respeitados ou temidos, mas jamais serão seguidos.
Ao encerar o presente artigo renovamos a importância, neste caso, do “coletivo” sobre o “individual, bem como recomendamos ao Líder Operativo atenção e dedicação especial à coesão, ao espírito de corpo, à responsabilidade, ao bom senso e a acessibilidade da sua pessoa, não se colocando acima de seus liderados. O mais importante é instruí-los para que façam aquilo que deseja de maneira motivada e consciente. Assim procedendo, acreditamos que os resultados serão melhores. Não esqueça que “As palavras convencem, o exemplo arrasta”.
No próximo número, abordaremos a Liderança Executiva, aquela exercida pelo Gerente Geral Empresarial, este que possui a dupla tarefa de administrar e liderar simultaneamente. Até breve.

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