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CPI da Santa Casa ouve diretor clínico, ex-contador e provedor da instituição sobre crise financeira e gestão hospitalar

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Santa Casa de Caridade de São Gabriel realizou nova oitiva na manhã de quarta-feira (4), no plenário do Poder Legislativo, ouvindo três representantes ligados à gestão e operação do hospital: o diretor clínico, médico Ary Carnieletto Júnior; o ex-integrante do setor contábil e atual colaborador do setor de compras, Carlos Pufal Machado; e o atual provedor da instituição, Cilon Lopes Siqueira.
 
O médico Ary Carnieletto Jr. explicou que sua função, não remunerada, é representar o corpo clínico junto à administração hospitalar. Ele relatou dificuldades recorrentes, como atrasos nos pagamentos a médicos, dificuldade em manter profissionais na instituição e falta de participação nas decisões da mesa diretiva, das quais apenas toma conhecimento posteriormente. Disse que sua atribuição é de ser porta-voz dos médicos e analisar denúncias devidamente registradas legalmente.

Carlos Pufal afirmou que os pagamentos a fornecedores eram realizados sem atrasos até que os repasses começaram a sofrer defasagens por diversos fatores. Segundo ele, a dívida atual gira em torno de R$ 1 milhão, com parte dos valores sendo parcelados para garantir o fornecimento contínuo de insumos. Destacou que a Santa Casa atende além da capacidade contratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que contribui para o agravamento financeiro, e apontou a necessidade de maior destinação de emendas parlamentares.
 
Por fim, o provedor Cilon Siqueira defendeu a atual gestão e afirmou que a crise enfrentada pela Santa Casa é reflexo de um problema nacional, que atinge hospitais filantrópicos em todo o país. Ele enfatizou que os repasses públicos não cobrem os custos operacionais e destacou a contratação de um administrador hospitalar, além de medidas de reestruturação para equilibrar as contas. Informou que foi contratada uma empresa especializada para tratar da regularização fundiária do loteamento pertencente à instituição.
Cilon também atribuiu parte da crise ao aumento dos custos durante a pandemia de covid-19, que, segundo ele, não se estabilizaram desde então. Afirmou que a prioridade da gestão é manter o pagamento de medicamentos, salários e honorários médicos. Sobre as doações recebidas da senhora Marina Ramos, explicou que os recursos estão sendo utilizados conforme a finalidade acordada. Negou que exista, neste momento, a intenção de repassar a administração da Santa Casa ao município, mas admitiu que a possibilidade não está descartada, caso a situação se agrave. Garantiu, por fim, que todas as dívidas estão sendo renegociadas e deverão ser quitadas em médio prazo.
 
A oitiva foi conduzida pelo presidente da CPI, vereador Moisés Marques (PDT), com a participação dos vereadores Ladislê Camargo Teixeira (PSB, relator), Juliana Medeiros Carvalho (PL, secretária), Adão Santana (PL) e Cacaio Lannes (PRD). A próxima e última audiência da comissão está marcada para o dia 9 de junho, às 9h45, com o ex-prefeito Rossano Gonçalves. Após essa oitiva, será deliberado o prazo para apresentação do relatório final da Comissão.

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