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Espaço do leitor

Não balcanizem a Agricultura! 

Março está chegando, e com ele uma nítida precipitação do debate eleitoral relativo à sucessão presidencial de 2014. Nas últimas semanas, movimentos nítidos de pré-candidaturas tomaram conta do noticiário, como o discurso do senador tucano Aécio Neves analisando os dez anos de mandato do PT, a criação do novo partido de Marina Silva, os vôos cada vez mais altos do governador pernambucano Eduardo Campos. Como era de se esperar, o governo também se organiza. O ex-presidente Lula tratou de lançar o nome de Dilma Rousseff à reeleição, e já se anuncia uma “reforma” ministerial, com um único e claro objetivo: barganhar posições para os partidos em troca de garantia de apoio. Num país sério, a simples hipótese de associar mudanças administrativas a barganha política já daria escândalo. Por aqui, isso não choca mais ninguém. 
As notícias dão como certo que uma das pastas que fatalmente poderá ser objeto de “negociação” neste contexto, é o Ministério da Agricultura. Justamente a pasta ligada ao agronegócio, único setor da economia que tem crescido apesar da desastrosa gestão macro-econômica do governo, é agora alvo de especulações políticas que podem contribuir para a instabilidade do setor. 
Mesmo o ex-presidente Lula, tão conhecido pela canhestra habilidade de misturar política com administração, soube preservar a pasta da Agricultura com nomes de competência técnica e densidade política, como Roberto Rodrigues, Luis Carlos Guedes Pinto e Reinhold Stephanes. Pois agora, com Mendes Ribeiro Júnior conseguindo recuperar a capacidade de diálogo do setor depois do “ciclone” Wagner Rossi, anuncia-se a possibilidade de modificações para contemplar outros partidos. 
Dentre os nomes cogitados, fala-se na senadora Kátia Abreu, que conhece plenamente as necessidades do setor, reúne experiência política no senado e capacidade técnica à frente da Confederação Nacional da Agricultura. Sem dúvida, o nome mais qualificado no Brasil para a função. O que nos preocupa é que, a exemplo do que ocorreu com o corajoso Aldo Rebelo, que enfrentou os mitos do ambientalismo radical na votação do Código Florestal para mais tarde ser escondido no Ministério do Esporte com suas “polêmicas” obras da Copa do Mundo, o governo pense justamente em usar um nome de credibilidade como o de Kátia Abreu para calar o agronegócio sem necessariamente atender suas demandas. 
Presidente Dilma,na reforma ministerial tome cuidado para não fazer da Agricultura um “campo” minado. Poderia até ser bom para um projeto político, mas seria péssimo para o país. 

Tarso Francisco Pires Teixeira 
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel 
Vice Presidente da Farsul

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