Da Capital ou Pampa
Outra dimensão de cinema
Finalmente, na quarta-feira que passou (10/04), me despi dos preconceitos e fui ao cinema assistir Avatar em 3D. Num primeiro momento, pensei que a história dos guerreiros alienígenas azuis não renderia nada além de mais um filme típico de Sessão da Tarde, apesar de toda a propaganda em cima os altos investimentos em tecnologia e efeitos visuais inéditos. Depois do Oscar 2010, que deu o prêmio de melhor filme para Guerra ao Terror, produção de custo absolutamente menor, resolvi tirar minhas próprias conclusões. O resultado foi um tremendo tapa de luva do diretor James Cameron, com um longa-metragem de estética surpreendente.
É bem verdade que o enredo é simplório, cheio de estereótipos do mocinho ao vilão. Os Na´Vi, povo do planeta Pandora, lutam para defender sua terra dos invasores humanos, que não medem esforços para destruir a natureza do lugar em nome da ganância. Mas a técnica de filmagem, a condução das cenas e a construção dos cenários e personagens em terceira dimensão fazem de Avatar mais do que um filme, uma experiência.
Pano de fundo principal, a floresta criada por meio de computação gráfica de ponta, amplifica a confusão do espectador entre o real e o virtual. Cada árvore, flor ou ser que habita a mata em Pandora parecem vivos, como se estivessem na frente dos seus olhos. Durante as filmagens, o diretor instalou uma câmera especial a frente do rosto do atores, cujos movimentos são captados para dar vida aos corpos criados no computador. Os detalhes na expressão facial dos personagens virtuais são de deixar qualquer um boquiaberto ou, no popular, de “cair os butiás do bolso”.
Em determinados momentos você tem a impressão de ter sido transportado para o meio dos conflitos da trama. Em várias cenas, a técnica de colocar um dos personagens em primeiro plano, dá uma noção tão precisa de volume que eles parecem estar do lado de fora da tela. Da mesma forma, as minúsculas sementes de Eywa, árvores sagrada dos Na´Vi, flutuam à sua volta. E quando os guerreiros se reúnem antes da batalha é como se uma multidão tivesse invadido a sala de cinema.
Mas para além do deslumbramento visual, o diretor consegue bons resultados com um roteiro que, apesar de simples, atinge o público com momentos de impacto e comoção. A ambição humana desenfreada que destrói a natureza em Pandora é uma analogia chocante com a realidade do nosso planeta, que causa no espectador um sentimento de solidariedade com a luta do povo Na´Vi.
Embora o preço das sessões 3D ainda seja um pouco salgado, R$ 19,00 em média nos cinemas da Capital, a experiência é compensatória. Se o amigo leitor estiver em Porto Alegre vale a pena aproveitar a oportunidade e assistir. Depois de Avatar, vem aí o longa Alice, dirigido por Tim Burton, que estreou na Argentina com recordes de bilheteria. A história da menina no país das maravilhas entra em cartaz no Brasil em 23 de abril e promete surpreender. A tecnologia inaugurada por Cameron dá início a uma nova etapa no ramo das produções cinematográficas.
Aos poucos
Reproduzo aqui o e-mail que recebi do professor Adilson Leones Godoi de Carvalho, sobre a última coluna, na qual falei da dependência financeira da imprensa gabrielense aos meios políticos.
Caro Carlos Ismael
Li um artigo seu no blog do Anderson Almeida (Da capital ao Pampa) e gostei muito. Acredito que críticas como esta poderão mudar aos poucos a mentalidade da época da Ditadura militar que ainda prevalece em nossa terra. Às vezes escuto falas de pessoas influentes (e com poder) na cidade e parece que estou na década de 1970, no auge da ditadura militar. Fico feliz em saber de sua defesa pela "ética, liberdade e verdade".
Um abraço,
Prof. Adilson.
É bom saber que minha indignação faz eco em pessoas como o professor Adilson, que não ficam mudas diante do que está errado e dão seu alerta para que, aos poucos, mudemos essa triste realidade.
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